Voltar à Página da edicao n. 376 de 2007-04-17
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A atleta das Donas espera agora participar em provas internacionais

Atleta das Donas sonha chegar ao mundial

Liliana Martins começou a fazer marcha há dois anos. Em Março sagrou-se campeã nacional juvenil de estrada. O treino continua, para repetir a proeza no nacional de pista e tentar obter os mínimos para o mundial, na República Checa

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Durante um dos treinos diários, um senhor parou o carro e perguntou a Liliana Martins, atleta do Grupo de Convívio e Amizade nas Donas, se ela se estava a sentir bem. As regras dizem que nesta disciplina é necessário ter sempre um apoio no chão. Não se pode fazer flexão das pernas nem estar em suspensão. O que, aliado ao posicionamento dos braços, resulta num andar característico, que causou estranheza ao automobilista.
O episódio faz sorrir a campeã nacional juvenil de marcha, mas é também reflexo do desconhecimento da modalidade. “Às vezes as pessoas ficam a olhar”, conta. Embora quem more na zona do seu circuito de treino, nas Donas, Valverde e Fundão se vá familiarizando com esta forma “esquisita” de correr.
Liliana Martins, de 16 anos, entrou para a colectividade das Donas aos seis e foi ganhando provas em todos os escalões. Há dois anos, num estágio da Associação de Atletismo, em Valhadolid, experimentou a marcha, para fazer companhia a uma colega e acabou por chamar a atenção. Disseram ao treinador que tinha jeito e passou a dedicar-se à disciplina. Treina diariamente e no último mês o trabalho deu frutos. Sagrou-se campeã nacional de juvenis na prova de marcha em estrada.
Com uma “grande margem de progressão”, segundo a análise do treinador, Sérgio Salvado, as próximas metas de Liliana são a Taça de Portugal, o Olímpico Jovem e o Campeonato Nacional de Pista, em Junho. Mas no horizonte está também o Campeonato do Mundo, em Ostrava. E tentar os mínimos para estar presente é “difícil, mas não impossível”. O melhor tempo está a um minuto dos 26 minutos e 30 segundos nos cinco quilómetros que carimbam o passaporte para a República Checa.
“Vai depender do nível de provas que faça. Porque não é possível sem competição, para adquirir mais ritmo”, sublinha a marchadora. E esse é um dos problemas. No distrito, não há mais atletas neste patamar, assim como corridas. Não há competitividade. As que se realizam “são poucas e longe”. E esse é um dos problemas com que se depara.
Outro é treinar sozinha. Excepto nos dois dias em que treina com os restantes atletas do clube, já que continua a fazer provas normais de corta-mato e estrada. “Treinar sozinha desmotiva”, salienta. “Também é complicado ver os erros. Sei que tenho de melhorar os braços e tento, mas não tenho quem veja como faço”, acrescenta. O treinador, Sérgio Salvado, trabalha. Para acompanhar e fazer o plano de treinos, está em constante actualização. Procura documentar-se e conversa com o seleccionador nacional.
A entrada no Centro de Alto Rendimento poderia ser o caminho para a evolução ser maior, considera o treinador. Liliana não faz disso um objectivo de vida. Mas se a oportunidade surgisse, não a descartava. “Tenho muito a melhorar, a aperfeiçoar. Como tive uma evolução rápida, pode-se pensar que consigo. Isso exige pré-requisitos, não é fácil e não prevejo isso para já”, adianta a atleta, que não se considera optimista.
Sair do clube onde está há dez anos é um cenário pouco realista. “Para mim o atletismo é um todo, são também as pessoas com quem treino e de quem gosto”, sublinha. E para quem está próximo a vitória no nacional não foi uma surpresa completa. Liliana tinha essa esperança, mas não conhecia a evolução das adversárias. “Os meus pais, pelo que me vêem treinar, já esperavam, mesmo que eu diga que é difícil”.
Entretanto, no clube, tenta-se que benjamins e infantis experimentem a disciplina, assim como outras, para terem contacto desde cedo com o máximo de disciplinas e não se cansem do atletismo. Talvez alguns optem pela marcha. Para optimizar as condições, Sérgio Salvado fala na necessidade de fazer uma pista simplificada de 200 metros na Escola Secundária do Fundão, assim como uma caixa de saltos e uma zona de lançamentos. “Porque o atletismo não é só correr”.


A atleta das Donas espera agora participar em provas internacionais
A atleta das Donas espera agora participar em provas internacionais


Data de publicação: 2007-04-17 00:00:00
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