Voltar à Página da edicao n. 375 de 2007-04-10
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> <strong>Mário Raposo</strong><br />

A Globalização da Economia e a Mudança de Paradigma no Ensino Superior

> Mário Raposo

“Destruição criadora” é o termo utilizado pelos economistas para descreverem o motor do crescimento nas economias de mercado. As empresas concorrem entre si para criar novas tecnologias, novos produtos e/ou novas utilizações para produtos velhos. O primeiro inovador com sucesso no mercado, cresce rapidamente e rouba os clientes das empresas rivais que falharam na inovação, muitas vezes estas acabam por morrer, daqui a utilização do termo “Destruição criadora”. Este termo foi proposto inicialmente, em 1911, por Joseph Schumpeter, como uma explicação para os rápidos avanços tecnológicos do século XX. Os novos termos hoje designados por “Economia baseada no conhecimento, “crescimento endógeno”, e muitas outras descrições da nova economia, são todas variantes da ideia inicial.

A destruição criadora e a globalização estão intimamente interligadas. A globalização é o processo de destruição criadora a uma escala global. Os negócios na actualidade, caracterizam-se pela sua incidência a nível global, o que significa uma conectividade internacional dos mercados e a interdependência das economias dos países.

A dinâmica da globalização dos negócios, resulta da actuação de três forças condutoras. A primeira resulta da proeminência das tecnologias de informação e comunicação a baixo-custo, ligando países, empresas e pessoas. A segunda pode ser descrita como um desmantelamento progressivo das barreiras comerciais, e a criação de grandes blocos comerciais. A terceira resultou da liberalização e reestruturação económica, resultante do falhanço das economias ditas socialistas, o que abriu novos mercados, novas oportunidades de investimento e de crescimento dos negócios internacionais.

Esta dinâmica de globalização, e a descoberta do empreendedorismo global, conduziu a dois aspectos importantes. Por um lado, o esforço continuado para inovar e introduzir inovações no mercado, por outro uma pressão competitiva contínua, que força todas as organizações a procurar métodos e alternativas para se tronarem mais eficientes e eficazes na condução dos seus negócios.

A popularidade e a proeminência de novas tecnologias, de informação tecnológica e a pressão da inovação, veio não só alterar a natureza do conhecimento, como também teve um impacto significativo na restruturação do ensino superior, na investigação e na aprendizagem. É neste contexto que nos países desenvolvidos, as Universidades estabeleceram novas filosofias de acção, adaptaram a sua missão, introduziram novos métodos de ensino e aprendizagem, no sentido de servirem os actuais interesses dos cidadãos, e também para dar resposta às exigências dos vários públicos-alvo: sociedade, governo, empresas, estudantes, pais, etc.. Neste sentido, merece particular destaque a emergência de um novo paradigma, trazendo para a Universidade a necessidade de não só ser excelente no ensino e na investigação, mas também ela própria e todos os seus membros adaptarem um espírito empreendedor.

A emergência deste modelo empreendedor não deve ser entendido como uma simples reforma do ensino superior, mas antes como uma mudança fundamental nas relações entre as Universidades, as empresas, a sociedade e o próprio estado.

Na perspectiva de melhor dar resposta a este novo contexto competitivo de globalização, as Universidades em todo o globo têm sofrido enormes pressões dos governos e da sociedade para se reestruturarem e reinventarem o seu método de actuação, no sentido de se adaptarem aos ventos da globalização, e de ajudarem os governos a manter e melhorar a competitividade dos países, como meio de sobrevivência do nosso modelo de sociedade.

No nosso país, a globalização entrou no sector da educação como um cavalo de batalha ideológico, sendo os seus efeitos na educação, mais o produto das restrições financeiras e de uma ideologia de mercado livre, do que uma clara concepção acerca do modo de elevar a qualidade e a competitividade das nossas formações, numa lógica de equilíbrio nacional, e de melhoria da competitividade do país.

Mário Raposo
, vice-reitor e catedrático do Departamento de Gestão e Economia da UBI


Data de publicação: 2007-04-10 00:02:00
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