Voltar à Página da edicao n. 375 de 2007-04-10
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
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> <strong>José Geraldes</strong><br />

Páscoa, traição e verdade

> José Geraldes

Depois das trevas, a luz. Depois da tragédia de Sexta-Feira Santa, a Ressurreição. Depois do silêncio de Sábado Santo, a explosão da alegria da madrugada do Domingo de Páscoa.
O verdadeiro homem novo irrompe na História. O Amor torna-se a medida de todas as coisas. E, como escreve Paulo de Tarso, a loucura da cruz gerou a nova terra e os novos céus. Sem este Amor, nada do que se faz na vida tem sentido. Podem erguer-se catedrais, podem concretizar-se mil e um planos de pastoral e projectos de solidariedade mas, se o amor não estiver lá, é tempo perdido e, apenas, manifestação de boas intenções. Ou vontade de tranquilizar a consciência.
Três dias determinam o destino de um Homem que ousou dizer ser Filho de Deus. São dias carregados de emoções acompanhadas de certezas. E, como descobriu António Damásio, não há decisões sem emoções.
Quinta-Feira: uma ceia diferente das outras. É a última mas que ficará para todos os tempos. O pão e o vinho tornam-se Corpo de Deus. É o maior mistério que a inteligência humana não abarca. E que abriu caminhos novos para a Humanidade.
Depois já noite dentro a traição. Uma amizade apunhalada. E com um beijo. Vendido por 30 moedas de prata. E uma solidão de morte. O suor é de sangue, tal o grau de angústia. O abandono pelos amigos mais íntimos em quem se confiava. Uma noite de medos. Mas força do Alto não falta.
Hoje as traições continuam. Amizades que se desfazem pelo ciúme, pela inveja e pela ganância. E pelo dinheiro. Mas Ele é o único amigo que nunca falha.
Sexta-feira: a manhã anuncia-se escura. Os cobardes políticos não assumem as suas responsabilidades. Anás e Caifás jogam os seus interesses. Pilatos num gesto que ficou para a História, lava as mãos e não assume as responsabilidades devidas. Tem, contudo, um assomo de curiosidade quando pergunta o que é a verdade. Mas fica por aí. E entrega Jesus à multidão manipulada pelos carreiristas do tempo.
E, na condenação à morte que se seguiu, são condenados todos os inocentes e os que lutam pela verdade, pela coerência, pela honestidade, pela justiça e pela paz.
Tantos Pilatos que andam por aí. E um sem números de políticos a enganar o povo. Que se aproveitam dos lugares para os seus interesses pessoais. Num acto de adultério da democracia que deviam promover.
Jesus morre numa cruz, instrumento dos bandidos da época. As trevas cobrem o mundo.
Sábado: o sol nasce envolto em silêncio. A natureza parece não querer despertar. Os amigos escondem-se. Mas Ele tinha anunciado que ao terceiro dia se levantaria da terra.
Domingo: o sepulcro está vazio. Mulheres procuram. A voz sossega: “Não está aqui”. Corropio dos amigos. Tudo se cumpriu como Ele havia dito.
A morte foi vencida. Ele dá ao mundo a vida nova. O Homem novo aí está.
A tristeza desaparece. A alegria é um mar infindo.
Jesus torna-se o centro da História. Começa um novo mundo. Aberto a todos os homens de boa vontade. E o Homem encontra o sentido da vida.


Data de publicação: 2007-04-10 00:00:00
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