Voltar à Página da edicao n. 374 de 2007-04-03
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A escritora covilhanense foi a convidada de um debate promovido na Biblioteca Municipal

“Troca de Palavras” com Maria Alice Peixeiro

Maria Alice Peixeiro, pintora e poetisa, foi a convidada em mais uma “Troca de Palavras”, realizada no Auditório da Biblioteca Municipal no passado dia 29 de Março. A autora referiu, através de poemas da sua autoria, as fases mais marcantes da sua vida, e quais os motivos que a levaram a seguir o caminho das artes.

> Vânia Rodrigues

mara Municipal da Covilhã promove, todas as quintas-feiras de cada mês, uma “Troca de Palavras” com personalidades de áreas distintas, no Auditório da Biblioteca Municipal da Covilhã. Este espaço de tertúlia cultural mensal pretende reunir pessoas de todas as idades e estratos sociais, para a discussão de diversos temas.
Distinguida com diversos prémios nacionais e internacionais nas áreas da pintura e poesia, Maria Alice Peixeiro foi a artista que marcou presença em mais um destes encontros, no passado dia 29 de Março. Nele estiveram presentes não só amantes destas duas artes, como também membros da sua família, que não quiseram deixar de a acompanhar neste dia que para si foi memorável.
“Já te falaram à alma?” constituiu o nome desta iniciativa, e foi iniciado com uma dedicatória feita a esta personalidade por uma amiga sua de infância, mostrando que, apesar de afastadas, mantêm uma sólida amizade. Os presentes ficaram a conhecer o percurso de vida desta artista covilhanense, e o que motivou o seu gosto pelas artes. Um gosto que deveu muito às sensibilidades artísticas de seu pai e de seu avô, ambos artistas na sua época.
“Para mim é uma noite muito diferente, festejar os meus anos com pessoas que gostam de poesia.” Emocionada e feliz, Maria Alice Peixeiro contou que, com apenas 12 anos, já pintava e escrevia. Começou a ler desde cedo, numa “biblioteca minúscula” de seu avô, onde passava tardes inteiras a ler enquanto as outras meninas brincavam nas ruas ou às bonecas. “Essa fase foi muito importante, pois através dessas leituras comecei a expressar-me com muito mais facilidade e de uma forma não muito comum para quem era ainda tão nova”, explica.
Encara a poesia como forma de transmitir os seus sentimentos, e não como forma de arte. “A poesia deve conter sempre que possível um carácter humanitário que nos ajude a melhorar alguma coisa. A veracidade é outra característica imprescindível”, acrescenta, enfatizando a importante acção do poeta nos dias de hoje.
Renascer antigos valores e encararmo-nos mais humanamente são alguns dos principais apelos que podemos encontrar em seus poemas. Modalidades de escrita muito diversas que reflectem as várias fases da sua vida, onde enfrentou tanto boas como más experiências.
Pessoa de grande fé e sensibilidade, utiliza na sua obra uma linguagem simples, objectiva e concreta o quanto possível, pois pretende que toda a gente entenda. “Se a função é chegar ao coração das pessoas, tem que ser simples e perceptível por todos, embora por vezes o poeta não queira, como era o caso do nosso grande Fernando Pessoa”, poeta que, apesar disso, teve grande influência nela.
Um espírito jovem e lutador que torna a poesia de Alice Peixeiro numa poesia espontânea, apelativa, tocante e actual.
As artes plásticas surgiram também desde cedo e foram aperfeiçoadas desde os tempos do colégio até aos dias de hoje, contando já com vários cursos de especialização. Pinta única e exclusivamente por necessidade, quando decide refugiar-se no seu mundo e esquecer tudo o resto. “Quando o meu marido esteve muito doente, se eu não pintasse tinha endoidecido. Quando estou a pintar não estou lá, é uma fuga para mim”, conta.
Esta “Troca de Palavras” culminou com uma surpresa feita pelos funcionários da Biblioteca à artista, oferecendo-lhe um bolo de aniversário, e prolongando a noite num agradável convívio entre todos.
Desde 1965 que Maria Alice Peixeiro participa em vários certames, concursos, exposições nacionais e internacionais, onde recebeu vários prémios. Em 2000, recebeu na Bélgica a Medalha de Ouro Internacional em poesia e a Prata Internacional em pintura. Em 2001, arrecada o mais alto galardão a nível da Academia Europénne des Arts com a medalha “Vermeil” e em pintura a medalha de Prata Internacional.
Foi convidada para publicar um livro na Bélgica mas “não quis, porque sou portuguesa. Ainda não me convidaram em Portugal, mas só aqui o publicarei, na Covilhã, na minha terra”, refere, emocionada.
Para além da pintura e poesia, dedica-se também ao restauro de antiguidades.


A escritora covilhanense foi a convidada de um debate promovido na Biblioteca Municipal
A escritora covilhanense foi a convidada de um debate promovido na Biblioteca Municipal


Data de publicação: 2007-04-03 00:03:00
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