Oncologia avança com o apoio da UBI

O Centro Hospitalar da Cova da Beira tem já a funcionar um serviço de oncologia. Cirurgias, acompanhamento de doentes e alguns tratamentos podem já ser feitos na Covilhã. Uma unidade que espera agora crescer com os primeiros licenciados em Medicina pela UBI.

José Alberto Fonseca Moutinho fez toda a sua carreira de médico na área da Ginecologia Oncológica. Para além de ter já trabalhado no Instituto Português de Oncologia (IPO), nos Hospitais Universitários de Coimbra (HUC) e noutras instituições onde existe esta especialidade, dedicou também grande parte da sua carreira científica à oncologia.
O Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) é agora o seu local de trabalho três dias por semana. José Moutinho foi desafiado por João Queiroz, da Faculdade de Ciências da Saúde da UBI e também por Martinez de Oliveira, médico do CHCB, para lançar na Covilhã “a semente de um serviço de ginecologia oncológica”. Um projecto novo que para além de suprir uma carência ao nível do tratamento de pessoas com este tipo de doenças, presta também apoio a diversos projectos que decorrem no Centro de Investigação de Ciências Médicas (CICS) da Faculdade de Ciências da Saúde.
Segundo José Moutinho, “estão a chegar ao serviço um a dois casos de doentes com cancro, por semana”. O médico que agora presta serviço no CHCB adianta que estes “não são casos novos”. Trata-se sim de doentes que “eram assistidas em Coimbra ou Lisboa, uma vez que na região não existia este tipo de consultas nem a possibilidade de tratamento”. Uma realidade que está a mudar. Segundo este especialista “ainda muita coisa está por fazer”. Mas neste momento “já conseguimos fazer aqui cirurgias, nomeadamente no que respeita a casos de cancro da mama, tratamentos pós-operatórios e também todo o acompanhamento clínico que é necessário nestes casos”.
Este clínico mostra-se bastante confiante no futuro desta unidade. Um projecto que dá agora os primeiros passos “e que por isso mesmo tem de ter algum apoio”. Nos casos que o médico José Moutinho não consegue tratar na Covilhã, “sobretudo por falta de recursos humanos e técnicos” existe uma parceria com os Hospitais Universitários de Coimbra “para onde são encaminhadas as pacientes”. Casos onde o tratamento “tenha de ser feito recorrendo à quimioterapia ou radioterapia”. Esta parceria serve também “de suporte e de discussão médica”. Todas as terças-feiras de manhã, José Moutinho reúne-se com uma equipa médica dos HUC, “eles em Coimbra e eu aqui na Covilhã, e por telefone discutimos todos os casos que temos em mãos”. Mesmo quando as pacientes recorrem aos serviços dos hospitais universitários, “o restante tratamento e posterior acompanhamento médico é feito aqui na Covilhã”.
Esta mais valia “junta-se também ao tratamento personalizado e à qualidade dos serviços prestados”. José Moutinho acrescenta que “podem aqui ser feitos todos os tipos de cirurgias e também de acompanhamento, o que vai poupar às pacientes deslocações de centenas de quilómetros”. Outra das grandes apostas deste novo serviço passa “pelo tratamento personalizado de cada paciente”. Este médico oncologista recorre à sua experiência na área para falar sobre a forma como são prestados os cuidados de saúde “em unidades que estão lotadas”. Cuidados esses “onde não se coloca em causa a qualidade mas a forma algo massificada como são prestados”. Na Covilhã “estamos a apostar em algo bastante diferente”. Segundo o médico que agora está na Covilhã “para além da personalização do tratamento do doentes, através de um grupo de profissionais muito vasto, há também mais rapidez no atendimento e apreciação dos casos e também mais qualidade no próprio tratamento, uma vez que as pacientes não têm de se deslocar para fora da sua área de residência”.
No futuro, José Moutinho com o crescimento da unidade e com o da equipa médica. Neste momento, para além deste clínico há a colaboração de assistentes sociais, psicólogos e enfermeiras. No futuro “contamos ter nutricionistas, cirurgiões plásticos e outros especialistas”. Para já, o médico lecciona algumas aulas na Faculdade de Ciências da Saúde e promove também a realização de seminários na área da oncologia. Segundo Moutinho, o futuro e o forte crescimento deste serviço passa “pela acreditação das pessoas e sobretudo, dos médicos de família que podem passar a encaminhar os seus doentes para nós”. Para além disso, estas consultas estão também indicadas para todas as pacientes que estejam a ser seguidas noutros hospitais. O médico responsável lembra que as consultas de acompanhamento “podem também passar a ser feitas na Covilhã”. Para tal, basta marcar uma consulta de Ginecologia Oncológica no CHCB, da mesma forma “que se marca uma consulta noutra qualquer especialidade”.