“As nossas freguesias têm futuro”

Que as freguesias da Covilhã «têm futuro» foi a principal tese defendida durante a inauguração de algumas ruas na freguesia de Orjais. Carlos Pinto, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, esteve naquela localidade no passado dia 18 de Março e não poupou críticas às «prioridades de Lisboa».

Carlos Pinto mostrou-se descontente com «as políticas agrícolas, a litoralização do investimento e os grandes projectos que remetem para o esquecimento as pequenas povoações do Interior». O autarca deslocou-se a Orjais, a 18 de Março, para inaugurar três ruas dessa freguesia do Concelho da Covilhã. O caminho da Senhora das Cabeças, o caminho da Senhora das Luzes e a Rua do Quebra-costas sofreram melhoramentos que há muito eram esperados pela população.
As intervenções do presidente da Junta de Freguesia de Orjais e do presidente da Câmara da Covilhã salientaram a necessidade de revitalizar o Interior português. “Só se fala de aeroportos novos, OTA´s, comboios de alta velocidade, investimentos em petroquímica, túneis do Marquês”, lamenta Carlos Pinto. O autarca explica que, neste sentido, o plano de trabalhos da Câmara contempla também intervenções de requalificação de património, o desenvolvimento das comunicações, e o embelezamento das freguesias do concelho. É desta forma que Carlos Pinto pretende responder às acções desenvolvidas no Litoral: “Valorizando o potencial das zonas rurais”.
Para o presidente da Câmara, a importância de acções como esta reside no “significado que têm, para o dia-a-dia das pessoas locais, e para os agricultores em particular, uma vez que se trata de uma região ligada à agricultura e ao comércio de fruta. É um tipo de obra para as quais o País não disponibiliza dinheiro”, lamentou.
O autarca mostrou-se preocupado com a redução das verbas atribuídas pelo Governo às autarquias, quando “obras de milhões” estão na ordem do dia. Por tudo isto, Carlos Pinto confessa que a sua motivação enquanto político é “contrariar essas pessoas, que esquecem o Interior”. É neste sentido que o autarca enquadra a importância dos arruamentos inaugurados. Para além de melhorar a mobilidade dos agricultores locais na sua área de trabalho, pretendeu-se “homenagear os que persistem em trabalhar a terra, abandonados pela Política Agrícola Comum e pela política nacional”, acrescenta.
Os autarcas querem actuar no sentido de colmatar a falta de apoios a pequenos e médios agricultores e reduzir as diferenças de preço entre o produtor e o vendedor. “Não há país independente sem agricultura. Um país não vive só das novas tecnologias, pois não há país sem indústria e agricultura”, argumenta o presidente da Câmara. Na próxima semana, será oficialmente inaugurada uma fábrica de transformação agro-alimentar no Parque Industrial do Tortosendo.
Quanto a Orjais, Carlos Pinto prometeu ainda a preservação do Castro Romano, fundado no séc. VIII a.C. pela Civilização Celta, depois de o Ministério da Cultura não ter ainda afirmado as suas intenções. O custo das obras «rondará os 40 mil contos». Pretende-se que o monumento seja uma das “atracções arquitectónicas” da região, de modo a dar alguma projecção à própria freguesia. A Câmara irá também requalificar o centro cívico e estudar a proposta apresentada pela Junta de Freguesia, para criar um centro multimédia. Carlos Pinto, em representação da Câmara Municipal da Covilhã, manifestou o desejo de, além de reactivar e potenciar o património do concelho, ligá-lo também pelas novas tecnologias e pelos novos processos de comunicação.