Covilhã debate Pobreza e Desenvolvimento

Portugueses e espanhóis reuniram-se na passada terça e quarta-feira, 6 e 7 de Março, para conhecer melhor a realidade transfronteiriça. Os assuntos centrais que congregaram os conferencistas foram a pobreza e o desenvolvimento dos dois países ibéricos.

Foi à luz da temática “Pobreza e Desenvolvimento” que se realizaram as primeiras Jornadas Transfronteiriças organizadas pela Caritas Diocesana da Guarda e pela Caritas Diocesana de Salamanca em parceria com a Universidade da Beira Interior (UBI).
Integrado na Semana da Cáritas Portuguesa, este evento teve como objectivo, “com base nos estudos feitos, conhecer a realidade que nos envolve. Depois, e a partir daí, surgiram alguns desafios e algumas perspectivas de intervenção”, referiu Paulo Neves, responsável pela organização.
Juntar duas realidades territoriais distintas prende-se com o facto de a “Cáritas diocesana da Guarda e de Salamanca terem uma realidade muito semelhante a nível das questões sociais ligadas à pobreza, pelo que lançamos algumas propostas de intervenção também semelhantes, no sentido de rentabilizar os recursos humanos e materiais”, afirmou aquele responsável. A servir de base a estas jornadas esteve a apresentação pública de dois estudos levados a cabo pela Caritas Diocesana da Guarda e pela Caritas Diocesana de Salamanca.
Durante dois dias o auditório A da Faculdade de Ciências da Saúde acolheu cerca de uma centena de pessoas. No evento, foram propostas algumas soluções, que passam pela criação de hortas sociais para auto-consumo, criação de lojas onde as pessoas desempregadas possam vender produtos artesanais, e medidas para recuperar habitações.
Para além das entidades organizadoras, estiveram presentes dirigentes e técnicos da Cáritas Portuguesa, a Cáritas Diocesana de Lisboa, Évora, Portalegre/Castelo Branco e de Viseu, a Cáritas Espanhola, Cáritas Diocesana de Ciudad Rodrigo, Cáritas Diocesana de Zamora, Cáritas Regional de Castilla/León, e alguns dirigentes de outras instituições de carácter social, tanto civis como religiosas.
Manuela Silva, Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, considera que “estas jornadas são muito importantes, pois a realização das mesmas é sinal de que algo está a mudar”.
O evento teve início terça-feira, 6 de Março, com a habitual sessão de abertura, seguida de uma conferência intitulada “Contexto Social e Económico de Portugal e Espanha, na perspectiva da Cáritas”. As conferências prosseguiram com a análise e debate de temas relacionados com a realidade social e económica das dioceses da Guarda e de Salamanca, bem como a apresentação de iniciativas ao nível do emprego e da animação comunitária. Para além das conferências, houve ainda espaço para a realização de trabalhos de grupo assentes nos temas em debate, como a realidade social e económica, o emprego/desemprego, a exclusão e a animação comunitária. O objectivo destes trabalhos prende-se com a “dinâmica de que quisemos impregnar estas jornadas, para que, de acordo com tudo o que foi dito, possam surgir algumas conclusões efectivas”, salientou Paulo Neves.
Na quarta-feira, 7 de Março, deu-se o encerramento do evento com a apresentação das conclusões decorrentes da reflexão feita sobre a análise da realidade social e económica transfronteiriça e dos respectivos grupos de trabalho. Após o almoço, os participantes puderam ficar a conhecer um pouco do passado industrial da Covilhã com uma visita ao Museu dos Lanifícios da cidade.
Segundo Paulo Neves, o balanço da iniciativa foi “muito positivo, não só pela oportunidade de encontro com as várias dioceses, mas também pelo debate e pela causa por que estivemos aqui presentes. É fundamental haver um espaço de debate para conhecermos a realidade de cada um e conhecermos as boas práticas para que possam ser cada vez mais rentabilizadas”.
A organização apostou na realização conjunta destas jornadas para que fossem as primeiras de muitas, pelo que ficou desde logo prometida uma segunda edição do evento.