Seis anos de trabalho

João Grazina, Maria do Espírito Santo, Manuel Pita, pai de Rosa e Zé, e Hermínio são alguns dos pastores que Jorge Pelicano encontrou no vale de Casais de Folgosinho, em Gouveia. Dias continuados de trabalho, uma vida entregue às ovelhas e à serra e o apego daquelas gentes à terra atraíram o jovem realizador, formado no Instituto Politécnico da Guarda. Com imagens que se pretendem verdadeiras, por captarem personagens reais, o autor deseja apenas dar a conhecer uma realidade que o fascina.
Foram precisas mais de oitenta horas de filmagem, subindo e descendo a serra, para Jorge Pelicano produzir uma obra totalmente independente, onde gastou mais de 15 mil euros. Material, logística e direitos de autor com a banda sonora somam despesas avultadas, em que “só a câmara custou perto de seis mil euros”, conta o realizador. Jorge Pelicano foi buscar experiência e dinheiro nas filmagens de casamentos: “Ainda o faço, pois ainda não consegui cobrir todos os custos que tivemos”. Apesar dos gastos e das dificuldades, sente-se recompensado pela aceitação que vê nos espectadores dos locais por onde passa. “Ainda há pastores?” valeu-lhe dois prémios na 12ª edição do CINE’ECO – Festival de Cinema e Vídeo de Ambiente da Serra da Estrela, em Seia. Para além do Prémio Lusofonia pela melhor obra produzida e realizada em país lusófono, arrecadou ainda uma menção honrosa atribuída pelo júri da juventude.
Segue-se o Play-doc, em Tuy, Espanha, e as negociações para a distribuição do filme em DVD. Reportagens, teasers, fotografias, no fundo um documentário sobre o documentário, fazem parte do produto multimédia que Jorge Pelicano espera ter brevemente nas lojas. Para além de um produto cinematográfico, o realizador acha que o DVD pode funcionar como “uma recordação para mostrar às gerações futuras como era a vida dos pastores em 2005 e 2006”.

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