Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 369 de 2007-02-27 |
Ler sem visão
Os serviços bibliotecários municipais dispõem já de um significativo acervo de obras em Braille. Até Abril, uma exposição dá a conhecer alguns desses livros e outras informações sobre o tema.
> Igor CostaNuma tentativa de se aproximar da comunidade invisual da Covilhã, a Biblioteca Municipal apresenta parte do seu espólio em Braille. A mostra encontra-se na Sala de Adultos das instalações. Quatro expositores abertos exibem livros e fichas de arquivo que podem ser tocados para serem lidos. Um dos pontos de maior interesse reside em dois moldes de impressão digital. Escolas e público em geral podem visitar a exposição até ao mês de Abril.
Apesar de o número absoluto de leitores invisuais ser reduzido, o seu interesse justifica algumas acções por parte da instituição. Neste âmbito, o acervo bibliográfico tem vindo a ser enriquecido com diversos textos em Braille. A comunidade invisual pode consultar ou requisitar obras literárias ou filosóficas, textos sobre a História do Braille ou artigos diversos. A Biblioteca Municipal reúne hoje cerca de 300 livros destinados à leitura por invisuais. “É importante que eles saibam que nós queremos que eles leiam. Ou então o Braille morre”, explica o técnico da biblioteca, Carlos Tavares.
A exposição surgiu com três objectivos: mostrar o espólio, integrar a comunidade invisual, e passar a palavra entre as pessoas com problemas visuais. A provar que estes propósitos são cumpridos está o facto de a biblioteca receber a colaboração de um invisual, que tem feito o trabalho de catalogação. Para os amblíopes está disponível um mecanismo de tratamento e ampliação dos textos.
Segundo Carlos Tavares, “trata-se de um público que, quando vem, já sabe o que quer”. Quando a biblioteca não pode dar resposta a algum pedido, os serviços de empréstimo da Biblioteca Nacional satisfazem essas requisições. “O tempo de empréstimo é definido pelo utente, mediante aquilo que ache necessário”, explica o técnico. Para além disto, estas tarefas têm vindo a ser facilitadas. Os invisuais dispõem hoje de leitores e teclados em Braille, áudio-livros, e de toda a informação que a Internet disponibiliza. São recursos tecnológicos que abrem janelas, quando o corpo lhes fecha alguma porta.
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