Uma nova visão do desporto

Com o objectivo de mostrar que o desporto e a educação física são mais que “correr atrás da bola”, Ana Maria Pereira apresenta, na sua tese de doutoramento, um novo paradigma

Após uma ruptura com o passado tradicional, Ana Maria Pereira apresenta uma mudança de paradigma e um novo olhar sobre o que é o desporto e a Educação Física. A defesa da sua tese de doutoramento, “Motricidade Humana:complexidade e a praxis educativa”, decorreu na última quinta-feira, dia 15 de Fevereiro.
”Desporto e Educação Física eram apenas sinónimo de correr atrás de uma bola e somente jogar ou fazer um amontoados de exercícios estereotipados com um fim em si mesmo”, diz Ana Maria Pereira. E explica que a ruptura está no facto da educação motora ser uma área de conhecimento da ciência da Motricidade Humana que auxilia na formação e na educação das crianças, “na busca de um ser humano mais crítico, livre e autónomo”. Defende ainda que a relação entre professor e aluno se baseia numa troca de conhecimento mútuo.
A tese de doutoramento, de acordo com a autora, é um estudo qualitativo em educação na área da ciência da Motricidade Humana. O trabalho, adianta, tem como objectivo elaborar conjecturas e ilações, que possam servir de “princípios directores e orientadores”. E realça que é importante a construção de uma praxis à luz desta ciência.
A residir em Portugal há quatro anos, Ana Maria Pereira atravessou o Oceano Atlântico para aprofundar os estudos. Pretende regressar ao Brasil para disseminar a teoria apresentada nesta tese. “No Brasil, a teoria tem muita aceitação. Eu diria que muito mais que aqui em Portugal”.
Apesar de ter raízes noutro continente, a sala de defesa da tese, na reitoria da UBI, teve muita assistência. Não por familiares, como acontece em muitos casos, mas por alunos aos quais lecciona na UBI. Ana Maria Pereira diz que estiveram a assistir “alunos de anos anteriores da disciplina que ministro aqui na UBI, Pedagogia do Desporto, que viajaram mais de 200 quilómetros para assistir à defesa. Isso é uma honra”.
A tese foi aprovada e teve como arguentes Gonçalo Tavares, docente da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, Fernando Almada, docente da UBI e Hélder Lopes, da Universidade do Minho.