Cine-Teatro Gardunha: uma recuperação sempre adiada

Ainda não será desta que o velho e degradado Cine-Teatro Gardunha será recuperado. O Governo denunciou um contrato que a Câmara tinha para a sua revitalização. Uma opção criticada pelo PSD, que salienta que o PS é o verdadeiro “carrasco” do emblemático imóvel.

Como desabafara, uma vez, em 2005, o presidente da Câmara do Fundão, Manuel Frexes, a recuperação do Cine-Teatro Gardunha parece estar embruxada. É que esta obra emblemática, que era uma das prioridades da autarquia em 2007, sofreu um novo revés, com o Ministério da Cultura a denunciar o protocolo que visava a aquisição e recuperação do edifício.
Não surtiram assim efeito os apelos do autarca Manuel Frexes, que no final de Dezembro último, aproveitando a visita de Cavaco Silva ao Fundão para inaugurar a Moagem, tinha apelado ao Presidente da República para que ajudasse a resolver esta questão, que fica assim, mais uma vez adiada.
Recorde-se que o acordo com o Governo tinha sido assinado a 11 de Dezembro de 2004 e consistia num apoio à aquisição no valor de 300 mil euros, que permitiria a sua candidatura ao Programa Operacional da Cultura no anterior Quadro Comunitário de Apoio (QCA) ou no QREN, que teve início em Janeiro deste ano. Segundo a Câmara do Fundão, em nota enviada à Comunicação Social, os termos do acordo foram alvo de inúmeras negociações com o actual Governo, tendo chegado, na última reunião, “aos pressupostos atrás mencionados”.
Quem já se manifestou contra esta decisão foi a Comissão Política do PSD/Fundão, que diz que os maiores receios se vieram a confirmar. Um “dia negro na história do desenvolvimento do concelho e da região” afirmam os “laranjas”, que adia a recuperação de um equipamento “de grande interesse cultural e municipal, que faz parte da memória colectiva do concelho”.
Os social-democratas dizem que a cidade foi “mais uma vez vítima das políticas socialistas”, recordando que quando Manuel Frexes, em 95, detinha a pasta da Cultura no Governo propôs a aquisição e recuperação do imóvel por 265 mil contos, dos quais a autarquia, liderada na altura pelo socialista José Maria Fortunato, teria que “despender apenas 55 mil”. “Tristemente, na altura, a autarquia não optou por isso” lamentam.
O PSD lamenta a retirada de algumas coisas ao Fundão e à região, como a Escola Superior de Turismo, o encerramento de postos da GNR e de escolas, e diz assistir agora, na cultura, a um “triste episódio e a um retrocesso inqualificável e totalmente condenável deste Governo”. “Consideramos que o PS é o grande responsável e o verdadeiro carrasco pelo estado decrépito e ruína em que se encontra o Cine-Teatro Gardunha” salientam os social-democratas.