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> <strong>José Geraldes</strong><br />

O mundo em que vivemos

> José Geraldes

O mundo em que vivemos, apresenta contornos acentuados de desigualdades sociais profundas e de ameaças extremamente perigosas. E é difícil fugir a uma atitude crítica sobre a situação da comunidade internacional na actualidade.
Os dramas da fome, da guerra, da violência e do subdesenvolvimento continuam a coexistir ao lado de riquezas faustosas e do terrorismo mais repugnante e vil. Problemas internacionais acumulam-se sem se vislumbrar uma solução rápida e justa para todas as partes.
No discurso aos embaixadores no Vaticano, nos votos do Ano novo, Bento XVI foi muito crítico na análise da situação do mundo de hoje e referiu largamente todos estes problemas.
O Papa considerou, entre as questões essenciais, “os milhões de pessoas especialmente mulheres e crianças às quais falta água, comida e um tecto”. E sublinhou: “O escândalo da fome que tende a agravar-se, é inaceitável num mundo que dispõe dos bens, dos conhecimentos e dos meios para lhe pôr fim”.
A nível global, segundo dados da ONU, 40 por cento da população mundial vive com menos de dois dólares (aproximadamente dois euros) por dia. Ou seja, são 2,5 milhões de pessoas que vivem em extrema pobreza. Mais de um bilião de pessoas não têm água potável. E 2,6 milhões vivem sem quaisquer condições sanitárias. Mais de cem milhões de crianças nunca frequentaram ou tiveram acesso á escola. E 800 milhões de adultos não sabem ler nem escrever.
A este propósito, Bento XVI pediu mudanças que possam “eliminar as causas estruturais das falhas da economia mundial” para corrigir os “modelos de crescimento incapazes de garantir o respeito ao ambiente, o desenvolvimento integral e também para o futuro”. Se não se proceder a estas mudanças, novos problemas se vão acumular.
A guerra do Iraque, o programa nuclear do Irão, a crise política de Timor, “os perigosos focos de tensão” na Península da Coreia mereceram um olhar atento do Papa. Também o Vietname, o Afeganistão, o Sri LanKa estiveram na sua análise. Sobre o Médio Oriente, Bento XVI pôs em destaque a soberania do Líbano, o direito de Israel viver em paz e os palestinianos a terem uma pátria livre e soberana.
O drama do Darfur, na África, onde uma guerra de quatro anos já fez centenas de milhares de mortos, prendeu a atenção especial de Bento XVI que apelou à colaboração activa entre as Nações Unidas, a União Africana e os governos em causa para a resolução do conflito.
Sobre a Europa, o Papa saudou os novos membros da União Europeia –Roménia e Bulgária- e referiu os 50 anos do Tratado de Roma, fazendo votos para que no Tratado Constitucional, “sejam plenamente protegidos os valores fundamentais que estão na base da dignidade humana, em particular a liberdade religiosa em todas as suas dimensões e os direitos institucionais das Igrejas”.
Para além das sombras, Bento XVI vê sinais positivos. O primeiro diz respeito à “crescente tomada de consciência da importância do diálogo entre as culturas e as religiões”. O segundo o facto de a comunidade internacional encarar sem medo os enormes desafios do nosso tempo e os “esforços para a traduzir em actos concretos”.
O humanismo integral, “único que pode assegurar um mundo pacífico, justo e solidário” é a solução que o Papa propõe ás nações para a resolução dos conflitos do nosso tempo. Este humanismo radica-se no cumprimento da Declaração dos Direitos do Homem.
Se todos os Estados tentassem pôr em prática a Declaração, o mundo seria outro. E o planeta mais habitável.


Data de publicação: 2007-01-16 00:00:00
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