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Os três responsáveis pelo projecto, perante um auditório completo

Religião e história da Guarda em livro

Séculos de convivência entre povos e religiões deixaram marcas. Ao longo do ano encontraram-se quase 50 destas marcas, só no centro histórico da Guarda. A ideia foi do PolisGuarda, que financiou o projecto e apresentou o resultado no dia 7 de Dezembro.

> Igor Costa
> Ana Cristina Ferreira

A passagem de judeus, muçulmanos e cristãos pela Guarda é visível em pequenos motivos arquitectónicos. Depois de os investigar, o PolisGuarda lançou na quinta-feira, dia 7 de Dezembro, a publicação que reúne esses elementos, numa cerimónia que encheu o auditório do Paço da Cultura. “Marcas Mágico Religiosas no Centro Histórico” é o nome da obra, que quer ser ponto de partida para investigações futuras.
Carmen Balesteros dizia, com um sorriso emocionado, que nenhum outro tema se enquadraria tão bem no momento como a “Procissão” cantada por João Villaret. Uma emoção que a coordenadora científica da obra remete para “a qualidade do trabalho, e para o empenho de todos os que se envolveram no projecto.” Carmen Balesteros falou da diversidade de marcas judaicas em todo o país, com alguns elementos únicos em toda a Península Ibérica. Após 16 séculos de presença em Portugal, artefactos religiosos, pergaminhos com textos sagrados ou pedras fúnebres são os exemplos mais frequentes desta arte sacra alternativa. O caso de que Carmen Balesteros falou com maior apreço foi o das sinagogas. “Cheias de símbolos, as sinagogas escondem uma mensagem por detrás de cada pormenor,” explicou a investigadora. Para o final deixou uma mensagem especialmente dirigida a António Saraiva, colega na recolha. “Os arquitectos de hoje têm muito a aprender com o judaísmo: só o exterior não conta. Temos de nos preocupar com o interior, também das nossas casas,” concluiu.
“A ideia inicial era fazer apenas um roteiro, mas tanta riqueza exigiu algo mais profundo.” As palavras são de António Saraiva, coordenador de projecto e autor de alguns dos textos. O arquitecto explicou que, de forma a delimitar a amostra, foram estudadas apenas marcas encontradas dentro do centro histórico, visíveis a partir do exterior. Depois de composta a publicação, somavam-se já 89 marcas, que adivinham uma nova obra.
Do roteiro pretende-se que cumpra três objectivos: ser um produto turístico, descrever um circuito lógico, e promover o património da cidade. Uma das pretensões de todo o trabalho foi já alcançada. O projecto “conseguiu sensibilizar a população”, explicou António Saraiva.
A cerimónia contou com a presença de Joaquim Valente, presidente da Câmara Municipal da cidade, na mesa de honra. Na plateia estava também José Afonso, director regional de Castelo Branco do IPPAR (Instituto Português do Património Arquitectónico).
Após a cerimónia, José Afonso revelou uma das suas grandes preocupações em relação ao património da região. “Há um problema comum a todas as câmaras na Beira Interior, que é não afrontarem as obras ilegais ou menos correctas dentro das zonas históricas.”, referiu o director regional do IPPAR.


Os três responsáveis pelo projecto, perante um auditório completo
Os três responsáveis pelo projecto, perante um auditório completo


Data de publicação: 2006-12-12 00:01:50
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