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> <strong>José Geraldes</strong><br />

Idalina

> José Geraldes

Idalina Gomes era advogada. Exercera a profissão durante pouco tempo. Tinha 30 anos. A idade em que todos os sonhos de um grande futuro profissional são admitidos.
Em férias, na aldeia, tanto se esmerava na vida da casa como conduzia o tractor para amanhar as terras dos pais, lá para os lados de Aguiar da Beira. Sempre com um sorriso aberto para todos.
Não vinha nas revistas do coração nem aparecia nas televisões. Era uma cidadã comum mas com uma visão da vida e um coração do tamanho do mundo.
Foi morta à facada no lugar de Fonte Boa, província de Tete, no norte de Moçambique. Não cometera nenhum crime. Pelo contrário, a sua estadia na ex-colónia portuguesa tinha por objectivo ajudar os moçambicanos na sua promoção social e espiritual.
A sua morte impressionou Portugal inteiro. Que descobriu, então, o valor de uma vida de uma jovem que se havia devotado ao serviço dos outros. As circunstâncias da sua morte comoveram o País. E criaram um ambiente de consternação.
Idalina pertencia a uma organização não-governamental Leigos para o Desenvolvimento que tem projectos de promoção nas ex-colónias portuguesas e outros países africanos. Estava a cumprir o se compromisso de voluntária.
Leigos para o Desenvolvimento é uma iniciativa dos Jesuítas com o mesmo estatuto do de outras organizações do género. Os voluntários que desejam integrar os seus projectos recebem uma preparação adequada durante um determinado tempo para atingir os objectivos propostos.
Os voluntários, que normalmente são licenciados das nossas universidades, sabem que nos locais para onde são enviados vivem com o mínimo necessário e com todas as implicações de vida comunitária. E em espírito de despojamento. Sem as comodidades habituais do país de origem.
Não os move o desejo de ganhar dinheiro ou fazer currículo académico mas tão somente o servir populações carenciadas e abandonadas pelos poderes. Os voluntários podem ser de várias especialidades desde a medicina à agricultura ou electromecânica ou alfabetização.
Todos os anos muitos licenciados se inscrevem como voluntários para este tipo de organizações. Com o objectivo de servir e estar disponível para os outros.
Na Guarda, funciona o Guard’África que agrupa jovens com o mesmo espírito.
Este é um facto que nos dá uma imagem diferente da nossa juventude que não outra propagandeada por televisões a mostrar meninos mimados da classe média. A que não faltam os telemóveis da última geração. E cujos centros de interesse se resumem a namoricos e conversas do mais trivial e superficial que possa existir à face da terra.
A fé bebida na casa dos pais motivou Idalina a empenhar-se no voluntariado. Motivos de solidariedade e serviço ou simples dever cívico estão na causa do empenhamento de outros jovens.
Também, aqui, entre nós, temos os voluntários dos hospitais, das visitas às prisões, dos cuidados paliativos a confortar doentes terminais e nos lares a fazer companhia a idosos.
Idalina é o exemplo a seguir. No empenhamento e no compromisso.


Data de publicação: 2006-12-05 00:00:00
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