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> <strong>João Canavilhas</strong><br />

Ensino em mudança

> João Canavilhas

Os alunos dos 1º e 2º ciclos vão passar a ter provas de aferição nacionais às disciplinas de Português e Matemática. O objectivo é avaliar a qualidade das aprendizagens ou, dito de outra forma, “medir o grau de cumprimento dos objectivos essenciais, definidos para cada ciclo, a nível nacional”.
A iniciativa é louvável e vem colocar um ponto final num sistema que funcionava de forma intermitente e apenas por amostragem. Porém, o seu sucesso dependerá de dois factores: em primeiro lugar, que os resultados nacionais sejam do conhecimento público e o desempenho individual dos alunos seja comunicado aos pais. Em segundo, que o Ministério actue nos locais em que os resultados fiquem abaixo da média nacional, procurando as causas e agindo no sentido de corrigir as insuficiências detectadas. É preciso não esquecer que um sistema, por melhor que seja, apenas cumpre os objectivos quando é consequente.

Num outro plano, a Ministra da Educação quer alterar a Lei de Bases do Sistema Educativo para contemplar a obrigatoriedade de permanência no ensino até aos 18 anos.Estamos perante uma evolução, é certo, mas manter jovens na escola para obedecer a um limite etário não resolve nada. A obrigatoriedade deve estar relacionada com o nível de escolaridade – 12º ano – e não com a idade.Para isso é preciso actuar nas áreas da oferta formativa e da penalização do abandono. No primeiro caso, o Governo deve aumentar a oferta de ensino profissional. No segundo, a solução passa por uma colaboração interministerial conducente à implementação de duas medidas simples: obrigatoriedade de 12 anos de escolaridade para tirar a carta de condução e para ingressar no mercado de trabalho. Talvez assim os jovens pensem duas vezes antes de abandonarem a escola.
Para muitos dos que terminam o 12º ano, Julho e Agosto são meses de candidatura ao Ensino Superior. Apesar de ser um momento muito esperado, parte significativa dos candidatos chega aos gabinetes de Ingresso sem ter definido em que curso ou área pretende ingressar. E é ali, no momento de preencher os impressos, que o aluno toma uma decisão desta importância. O resultado está à vista: as taxas de abandono escolar e as mudanças de curso registadas no primeiro ano das licenciaturas são assustadoras.
Aparentemente, a orientação vocacional não está a resultar e a informação difundida pelo Ministério da Educação e pelas próprias Instituições de Ensino Superior não funciona da melhor forma.
É sabido que o sucesso educativo está ligado ao desenvolvimento das características inatas de cada um. Formar pessoas que escolheram uma área por mero acaso exige mais esforço ao aluno e, ainda assim, dificilmente garantirá realização profissional.
Se não queremos continuar com as escandalosas taxas de abandono no Ensino Superior, o melhor será repensarmos o actual sistema de apoio ao ingresso.

 


Data de publicação: 2006-08-01 00:01:30
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