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Leituras sem papel

> António Fidalgo

Há três décadas atrás não havia escrita sem papel. Com caneta, lápis ou esferográfica a maioria das pessoas escrevia à mão sobre papel. Havia quem escrevesse directamente à máquina, mas, num e noutro caso, escrevia-se sempre sobre papel. Hoje escreve-se quase tudo no computador. A escrita à mão ficou reservada para os pequenos apontamentos, para escrever rapidamente um número de telefone, um pequena nota, um post-it; e as máquinas de escrever pura e simplesmente desapareceram, substituídas com enorme vantagem pelos computadores. Sobretudo quando se trata de textos de alguma extensão, mesmo um pequeno artigo de jornal, recorre-se invariavelmente a um computador, de secretária ou, crescentemente a um portátil. Jornalistas, escritores, cientistas, académicos, escrevem em computadores, aliás como a maior parte das pessoas que usam a escrita na sua profissão. As consequências visíveis da escrita sem papel são muitas, mas outras ainda não são visíveis e provavelmente só daqui a alguns anos ou décadas nos daremos conta delas. Há uma porém que vale a pena aqui referir, até porque normalmente contestada, a da leitura sem papel.

Apesar de quase tudo o que se escreve ser em computador, a maior parte do que se lê continua a ser mediado pela impressão no papel. Jornais, revistas e livros ainda levam uma clara vantagem sobre os ecrãs de computadores. E além disso, associado a um computador está normalmente uma impressora. Mesmo o que é para uso pessoal, ou para um circulo mais restrito, como a entrega de um trabalho académico ao professor, um relatório, acaba por ser impresso, agrafado ou encadernado e assim distribuído e difundido. Contudo, as coisas estão a mudar. Cada vez mais se lê on-line, emails, jornais, blogues, e as novas gerações já vêm mais habituadas a ler nos ecrãs de computador. Aliás, a diferença que existia há uns anos entre os televisores e os ecrãs de computadores começam a fundir-se na tecnologia LCD. Pode ser que ainda venha longe o tempo em que as leituras sem papel ultrapassem as leituras no papel, mas a tendência é clara. Mais e mais lemos em suportes digitais o que já escrevemos em suportes digitais.

Desta tendência decorre uma nova forma de distribuição dos produtos da escrita. Talvez nunca se tenha escrito tanto como hoje, até sob a forma de SMS, mas a transmissão dessa escrita é feita por telecomunicação. Também os livros, revistas, jornais tenderão a ser distribuídos on-line e lidos no ecrã, ou então tendo apenas a impressão daquelas partes que se pretende ler de uma forma mais tradicional, para sublinhar, anotar. Sintomático aliás é que nas obras de referência, enciclopédias, dicionários, o suporte digital comece a ultrapassar o suporte do papel.

De tudo isto resulta uma nova relação com a leitura. Teremos alterações à maneira como lemos, aliás, à semelhança das alterações que também estão a ter lugar na forma como ouvimos música ou vemos filmes em suportes digitais.

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Data de publicação: 2006-07-25 09:31:09
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