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> <strong>José Geraldes</strong><br />

Energia positiva

> José Geraldes

Em Portugal, já nada se estranha. Então quando se trata do Ministério da Educação, as incongruências sucedem-se em catadupa. De passagem diga-se que a ministra até tem boas intenções e as reformas são para levar para diante, pois perdeu-se já muito tempo e dinheiro.
Os professores não podem ser medidos pela mesma bitola. Nem nada se ganha em campanhas contra eles. Como em todas as classes, há os bons, maus e medíocres.
Mas a ministra se quiser fazer as verdadeiras reformas, tem de começar pelo seu Ministério. Nuno Crato, presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, põe o dedo na ferida: “O Ministério mudou muito, os ministros mudaram mas há um grupo, uma “nomenklatura”, feita de técnicos superiores do Ministério e de teóricos da educação que forjaram uma aliança ao longo de décadas que é, de facto, quem manda na educação do País”. E isto está à vista de todos.  
O Ministério da Educação transformou-se num “bunker” onde quem manda são estes teóricos. Seria bom mandá-los à Finlândia, à Dinamarca e à Irlanda onde se operaram verdadeiros milagres na educação, com gastos inferiores aos nossos.
A proposta da Carreira Docente para a Educação Pré-Escolar e Ensinos Básicos e Secundário contém inovações de surpreender pela negativa. A questão da avaliação dos professores pelos pais dá para rir se o assunto não fosse tão sério. O Ministério mostra medo em colocar nas escolas métodos de disciplina para evitar a violência que se instala nas salas de aula. Agora até os paizinhos vão dizer qual o comportamento dos professores em relação às crianças. Com que autoridade fica o professor? E que valores estamos a incutir nas crianças?
Depois, como nota Nuno Crato, o verbo ensinar foi banido da definição do professor. Não aparece em nenhum lado do documento da Carreira Docente. Em sua substituição, aparece como primeira obrigação dos professores: “ Identificar saberes e competências-chave dos programas curriculares de forma a desenvolver situações didácticas em articulação permanente entre conteúdos, objectivos e situações de aprendizagem, adequadas à diversidade dos alunos”. Quem entende isto? Só os teóricos do Ministério.
Se não se ensina, como aprendem as crianças?
Cavaco Silva na visita que fez à Selecção Nacional de futebol, destacou a “energia positiva” com que os jogadores se bateram no Campeonato do Mundo. É de referir que é desta energia positiva que o País precisa para sair do marasmo económico.
Se os 3,2 milhões de homens e mulheres que vibraram com os feitos da Selecção, aplicassem a mesma energia nas 64 mil empresas com mais de dez empregados e igualmente os 700 mil trabalhadores da função pública, depressa atingiríamos os 3,5 por cento de crescimento de que precisamos como do pão para a boca.
O objectivo não é fácil mas não podemos continuar apenas com o crescimento de 0,4 por cento.
A Selecção Nacional é um exemplo. Quem está disposto a segui-lo?
A tragédia de Famalicão da Serra com bombeiros carbonizados não nos pode deixar indiferentes. Mais uma vez mão criminosa fez deflagrar um incêndio que se transformou num inferno.
Até quando estes crimes vão continuar? Não nos podemos conformar com a situação. O ser humano é sempre um mistério. Mas quem põe fogo posto não o faz inconscientemente.
Os tribunais também não podem ser tão benignos nas penas deste tipo de crime. E preservar a floresta é um dever de todos.


Data de publicação: 2006-07-18 00:00:24
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