Voltar à Página Principal
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
Director: António Fidalgo Directores-adjuntos: Anabela Gradim e João Canavilhas
 
> <strong>José Geraldes</strong><br />

Família e divórcio

> José Geraldes

A família atravessa hoje uma crise profunda. Esta é uma verdade que não pode ser escamoteada. E importa ver a realidade bem de frente. As razões prendem-se com muitos factores de ordem cultural, social e de mudança de comportamentos. Os meios de comunicação social sobretudo a televisão exercem uma influência muito forte. A isto acresce a indiferença religiosa que medra por todo o lado.
Para além da busca do prazer pelo prazer, o relativismo que impera na sociedade, leva à convicção de que nada na vida é definitivo. O provisório toma conta das decisões. E o casamento torna-se como um objecto descartável. Muitas vezes por imaturidade afectiva, outras por uma total ausência de seriedade nos compromissos assumidos.
Assim, segundo uma fórmula conhecida, com todo o exagero de caricatura,  homem e a mulher conhecem-se durante três semanas, amam-se durante três meses, discutem durante três anos, aguentam-se durante outros trinta e os filhos voltam ao princípio.
Todos os inquéritos e sondagens, no entanto, mostram elevada confiança na família em percentagens que atingem os 90 por cento. A família é assim considerada pelos portugueses de importância decisiva e de realização afectiva do indivíduo. E como um bem precioso nas suas vidas.
Mesmo assim a instituição familiar sofre ataques de toda a espécie. Nas políticas escolhidas pelos governos que muitas vezes não protegem as famílias, na publicidade, na exploração da mulher como objecto, na apologia da moral de situação ou seja a moral só existe em função dos desejos pessoais sem compromisso no amor mútuo.
Os ataques dão-se também dentro do próprio casamento com as traições dos conjugues que depois transformam a vida familiar num inferno. E daí nascem os divórcios que causam traumatismos para toda a vida.
Actualmente no conjunto da União Europeia, surge um divórcio em cada 33 segundos. Segundo um relatório do Instituto de Política Familiar, Portugal registou, de 1995 a 2004 o maior aumento da taxa de divórcios (89 por cento). A Itália e a Espanha, embora com tendência para aumentar, estão longe de nós.
As leis facilitistas portuguesas explicam tais números. E, claro como água, não são a melhor forma de proteger a família. Casar-se a um dia e pedir o divórcio pouco tempo depois não faz sentido.
Termina este fim-de-semana o V Encontro Mundial das Famílias em Valência (Espanha). O papel da família cristã na nova evangelização é o tema de fundo, com análise dos seus aspectos sociais, educativos, legislativos, demográficos, económicos, jurídicos e bioéticos.
O documento “Familiaris Consortio” do saudoso João Paulo II de que se celebra este ano o 25º aniversário, serve de guião para todos os trabalhos do V Encontro.
 Nele se enfatiza a doutrina da família como célula-base da sociedade. Escreve o Papa: “Todos os povos, para dar um rosto verdadeiramente humano à sociedade, não podem ignorar o bem precioso da família fundada sobre o matrimónio. (…) O matrimónio e a família são insubstituíveis e não admitem outras alternativas”.
Parafraseando um título de um livro, as grandes batalhas da sociedade travam-se na família. Dignificar e proteger as famílias é contribuir para uma sociedade melhor.


Data de publicação: 2006-07-11 00:00:03
Voltar à Página principal

2006 © Labcom - Laboratório de comunicação e conteúdos online, UBI - Universidade da Beira Interior