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Na UBI são 107 os candidatos ao Ensino Superior através desta forma de acesso

Começar de novo

Empresários, reformados, funcionários, são apenas alguns exemplos das ocupações que os mais recentes candidatos a alunos da UBI. Ao todo são 107 pessoas com mais de 23 anos de idade que estão a tentar ingressar no ensino superior através do mais recente programa de acesso especial.

> Eduardo Alves

Aos 51 anos de idade, Virgílio Santos não gosta do estatuto de aposentado. Por isso mesmo prefere que seja visto como “um desactivado”. Este homem, natural da cidade do Funda, percorreu o País a fazer inquéritos para o Instituto Nacional de Estatística e o contacto com os números dá-lhe uma outra perspectiva sobre a mais recente intenção do governo e das universidades em abrir as portas aos cidadãos que ultrapassaram a idade normal de concorrer ao ensino superior.
Por estes dias, as voltas de Virgílio são outras e os corredores do Pólo IV da UBI servem, para já, de local de viagem a este homem. O passado dia 27 de Junho serviu para que os 107 candidatos às vagas disponibilizadas pela UBI para acesso ao ensino superior a pessoas com mais de 23 anos, fizessem um teste de Português. O antigo agente de censos e inquéritos encontrou facilidades nas provas, “mais uma forma de aferir conhecimentos gerias sobre algumas matérias”. Neste primeiro impacto com o mundo universitário, Virgílio explica a razão deste tipo de candidatura. Depois de 32 anos de trabalho aposentou-se, mas desde logo verificou que a falta de uma ocupação, de uma actividade na sua vida, tinha de ser compensada com alguma coisa. A oportunidade surgiu agora e Virgílio Santos espera vir a ser um estudante universitário de Arquitectura, no próximo ano lectivo. Para além da possibilidade de vir a fazer alguns trabalhos numa área que sempre gostou, Virgílio espera também encontrar nesta iniciativa, uma forma de estar activo e de adquirir novos conhecimentos, até porque “as pessoas devem de estar sempre a aprender”.
António Henriques concorre também a um curso superior da UBI. Mas o objectivo deste empresário do ramo têxtil é algo diferente. Natural do Dominguiso, uma freguesia do concelho da Covilhã, António decidiu concorrer ao superior porque sente necessidade de conhecimentos mais profundos na sua actividade profissional. Por isso concorreu ao curso de Gestão da UBI. Este homem de 45 anos mostra-se confiante na iniciativa do governo e das instituições do superior. Para além “de ser uma nova oportunidade de conseguir uma licenciatura”, é também, uma mais-valia para as instituições do interior, “uma vez que podem trazer mais alunos”. E em matéria de números e estatísticas, ninguém melhor do que Virgílio Santos “para compreender a importância deste tipo de iniciativas”. Segundo este antigo agente de censos e inquéritos, “a diminuição de alunos a concorrer ao ensino superior fez com que as universidades e politécnicos fossem captar pessoas noutros sectores”. Uma forma de “manter financiamento e também de conseguir mais licenciados”. António Henriques escuta com atenção a conversa do seu colega de exame e com acenos de cabeça vai dando o seu aval às teses descritas. O empresário têxtil também concorda com o maior apoio às pessoas “que não conseguem chegar ao superior porque não têm o 12º ano e as provas específicas realizadas”. António mostra-se confiante nas suas capacidades. Os estudos que tem já vêm de há muito, mas mesmo assim foram suficientes “para colocar o negócio em funcionamento”. Aos 45 anos de idade não espera por uma licenciatura “para tirar o lugar a ninguém”, apenas para melhorar as suas capacidades.
Um objectivo também partilhado por Daniel José. Este inspector da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) espera conseguir ingressar na licenciatura de Ciências da Comunicação. Também natural do Dominguiso, vêm com bons olhos esta nova forma “da universidade chamar pessoas”. Para além de se ter acesso a uma licenciatura, a continuação dos estudos representa sempre “um avanço na carreira profissional de qualquer pessoa”. Com 46 anos de idade volta agora aos livros para concretizar “um sonho”.
As universidades abrem agora as suas portas a pessoas com mais de 23 anos e que ainda não tenham frequentado o ensino superior. Este tipo de ingresso conseguiu reunir, na Beira Interior perto de 500 candidaturas, numa altura em que o número de alunos que pretendem ingressar no superior pelo concurso nacional é cada vez menor. O Instituto Politécnico de Castelo Branco recebe 242 candidaturas, o Instituto Politécnico da Guarda, 140 e a UBI vai avaliar um total de 107 candidatos. Alunos que vão ingressar nas instituições, já no próximo ano lectivo.


Na UBI são 107 os candidatos ao Ensino Superior através desta forma de acesso
Na UBI são 107 os candidatos ao Ensino Superior através desta forma de acesso


Data de publicação: 2006-07-04 00:00:31
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