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> <strong>José Geraldes</strong><br />

Desertificação e desenvolvimento

> José Geraldes

Todos os anos a 17 de Junho comemora-se o Dia Internacional da Desertificação. Se de entre os dias celebrados ao longo do ano dedicados a um tema, com a importância respectiva que têm, o Dia da Desertificação merece uma atenção especial. E nem é preciso explicar as razões de tão óbvias que são.
Quer a nível mundial, quer a nível nacional, quer a nível regional, a desertificação apresenta já sinais de um verdadeiro flagelo. E para o qual os poderes públicos devem tomar medidas apropriadas.
Segundo as Nações Unidas, na África e na Ásia o fenómeno da desertificação ocupa seis a 12 milhões de quilómetros quadrados, um espaço maior do que a China ou o Canadá.
Em 2005, 36 por cento do território português já revelava sintomas de desertificação. A aridez dos solos é mais que patente mormente no Sul e no Interior. As zonas pedregosas multiplicaram-se.
Os numerosos incêndios que se têm registado, agravaram o problema a um ritmo assustador. E muitas terras ficaram impróprias para cultivo agrícola.
Com o desaparecimento da floresta, irrompem consequências nefastas a nível do emprego – muitas actividades eliminam-se – e a nível dos solos e de alterações climáticas.
A incúria e decisões erradas na gestão das terras e da floresta acabaram por tornar mais negra esta realidade.
E aí temos o despovoamento que se torna ao mesmo tempo causa e consequência da desertificação. Se não há condições de vida, as populações deslocam-se para os núcleos urbanos. E as aldeias tendem a morrer. E concelhos começam a definhar.
A Beira Interior sofre deste mal de forma bem visível. O programa Leader da União Europeia tenta travar o êxodo rural para fixar as populações. Mas é uma tarefa difícil. Os especialistas dizem que, entre nós, a desertificação sendo um problema grave, ainda pode ser remediado.
É um facto aumentarem as periferias das cidades com novos habitantes vindos das aldeias. A este propósito a iniciativa das Aldeias Históricas foi uma boa solução para fixar gente e atrair turistas.
A Comissão de Coordenação da Região Centro elaborou para 2000-2006 uma estratégia de desenvolvimento em que são destacados elementos tais como a qualificação dos recursos humanos, a estruturação do território, a exploração de novas oportunidades e a valorização dos recursos do território regional.
Assim prevê-se a modernização da economia com a atracção de profissionais de elevados níveis de especialização. Outra medida sugerida é a qualificação urbanística, a reabilitação urbana e ordenamento do espaço das cidades.
Igualmente as ligações rodoviárias e ferroviárias. Aqui o IC6 deve ser lembrado bem como a questão dos comboios. Mas de forma negativa. Os recursos hídricos e as ETAR’s são apontadas como indispensáveis. Igualmente a despoluição dos rios e das ribeiras. Mas quanto às novas barragens pedidas ao Governo estamos a zero.
Depois a reflorestação, uma das exigências da estratégia não tem sido tão rápida como seria para desejar.
A Serra da Estrela aparece como um dos meios promotores do turismo e do ambiente. E o eixo Guarda-Covilhã-Fundão-Castelo Branco como um aglomerado urbano na ordem dos 200 mil habitantes pleno de potencialidades.
O Programa POLIS já cumpriu em parte a estratégia no que respeita aos núcleos urbanos. Mas nesta Beira Interior muito há ainda a fazer em outros capítulos.
O Parkurbis aí está como pólo aglutinador de parceria com a UBI. Não só para a Cova da Beira mas também para todo o eixo referido. A Plataforma Logística da Guarda pode desempenhar um papel importante. A revitalização das Aldeias Históricas é um dado a ter em conta. E as capitais de distrito podem contribuir com as suas mais-valias para o desenvolvimento que se deseja.
A desertificação não é uma fatalidade. Todos cooperando podemos vencê-la.


Data de publicação: 2006-06-27 00:00:53
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