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> <strong>José Geraldes</strong><br />

Emprego e criação de empresas

> José Geraldes

O NC na semana passada publicou com destaque um resumo do estudo de Pires Manso, docente na UBI, intitulado Caracterização do Emprego na Beira Interior. O estudo sublinha a realidade do sector terciário que se vai acentuando cada vez mais na linha que vai da Guarda a Castelo Branco. E demonstra que ainda não há sinais significativos para a diminuição do desemprego num futuro próximo.
O cenário descrito não se afigura animador mas há possibilidades de os “empregos do futuro” se situarem mormente nas áreas da biotecnologia, bio-medicina, bio-farmácia, no ambiente, no turismo e, com maior fundamento, no comércio e nos serviços.
A prevalência do sector terciário continua a afirmar-se com a agricultura a perder e igualmente a indústria. Segundo fontes sindicais, na última década, o sector têxtil e das confecções perdeu três mil empregos.
A Cova da Beira apresenta fragilidades com um elevado nível de desemprego ou seja cerca de 14 por cento, o dobro da média em todo o País. O que pode acentuar na população o pessimismo.
Olhar o futuro e não vislumbrar perspectivas de emprego acarreta dramas familiares e é causa para quem procura trabalho de ser tentado a abandonar a Região ou mesmo emigrar para o estrangeiro. Ora os jovens são necessários para dinamizar o tecido económico.
Mas será a falta de emprego o maior problema? A Espanha passou há uns anos por uma taxa de desemprego superior a 20 por cento e hoje é a potencial mundial económica que se conhece.
Daniel Bessa, ex-ministro da Economia no governo de António Guterres, na Semana Social realizada em Março passado em Braga, proferiu afirmações que não colocam o emprego como prioridade. “As prioridades devem ser a educação, o estímulo ao investimento estrangeiro e à criação de empresas. O emprego criado de outro modo que não esses, significa dinheiro deitado à rua”. E enfatizou: “O emprego foi talvez uma prioridade excessiva na vida económica e política de Portugal”.
O ex-ministro comprovou a sua tese com o exemplo dos anos 90 do séc. XX: “ A taxa de três por cento de desemprego que se atingiu em Portugal nessa altura foi resultado de um erro profundo e de péssima orientação”. E justifica o seu diagnóstico com o facto de os empregos terem sido criados onde não deviam sê-lo ou seja pelo Estado com mais de 100 mil empregos em 10 anos e pela construção civil e obras públicas.
Seguindo a posição de Daniel Bessa, o País tem andado ao contrário. Na educação tem-se investido muito dinheiro mas os resultados são péssimos. A Irlanda apostou no sector e é um exemplo para nós.
A criação da Agência para o Investimento veio tarde e não consegue atingir os seus objectivos pois os Países de Leste são mais atractivos desde a flexibilidade das leis do trabalho à isenção de impostos para a criação de empresas.
Ora é neste capítulo em que o País apresenta fragilidades. Num texto muito lúcido Mário Raposo, também docente da UBI, no NC da semana passada, esclarece o problema. “Portugal – sublinha o académico- não pode considerar-se hoje um país de empresários”. E de citar um relatório onde “Portugal aparece como o terceiro país com a pior taxa de criação de empresas”.
Mário Raposo explica o facto por as novas empresas “nascerem a partir de uma necessidade e não de uma oportunidade de mercado”. Razões? Falta de formação superior dos empresários e ausência de “adequado suporte tecnológico ou de inovação” para as empresas serem competitivas.
Aqui entre nós, há motivos para a esperança. O Parkurbis é uma realidade com um potencial imenso. A ideia de criação de uma área de empresas de medicina oferece perspectivas excelentes. A UBI mantém parcerias com empresas e ex-alunos criaram já empresas.
A Semana da Covilhã, Cidade Inovação, levada a efeito pela autarquia foi uma iniciativa notável pelos caminhos que pode abrir e pela partilha de experiências internacionais de massa crítica de alta qualidade.
Tratam-se de avanços que importa assinalar. Cria-se uma nova mentalidade empresarial sem estar à espera do patrão Estado.
A criação de empresas “como oportunidade de mercado” é que dará novos empregos. Estabeleçam-se então as condições para que as empresas nasçam na Beira Interior e em especial com relevo para a Cova da Beira onde já existem infra-estruturas adequadas.


Data de publicação: 2006-06-06 01:06:49
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