“O CERN é um local de ciência, com muita gente, com espaço relativamente pequeno para cada equipa, mas é o espaço onde se desenvolve um conjunto imenso de fenómenos”. Assim descreve António Tomé, o Cern. Este laboratório é o local de uma organização científica com sede em Genebra, que se dedica à pesquisa nuclear e é também o principal laboratório do mundo de física de partículas. Actualmente, os estados-membros que financiam as actividades do Cern são Portugal, Áustria, Bélgica, Bulgária, República Checa, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Holanda, Noruega, Polónia, Eslováquia, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido. A Índia, Israel, Japão, a Rússia, os Estados Unidos da América, Turquia, a Comissão Europeia e a UNESCO têm estatuto de observador.
Para o docente da UBI, “o Cern tem uma grande vantagem que é absolutamente indiscutível, não é só o feixe de partículas que se pode usar para experiências, é a tecnologia, os engenheiros, o know-how de fazer coisas”. Daí que, António Tomé sugira que Portugal “devia pensar seriamente na transferência de tecnologia, nas soluções que ali são desenvolvidas, em termos técnicos, para a sua aplicação industrial. Não se pode pensar só em contratos da indústria nacional para o CERN, mas também em alguma de transferência de tecnologia para a nossa indústria”.
Na perspectiva do docente de Física, este é um dos exemplos do futuro da academia portuguesa. “É necessário virar a página e ver que a ciência não é feita por um conjunto seleccionado de pessoas fechada nos seus gabinetes nas suas instituições de origem. Não podemos nunca ficar de braços cruzados, ou permanentemente a queixáramo-nos que estando numa região periférica não se nos oferecem muitas opções. A verdade é que o mundo da ciência, e não só, está cheio de oportunidades, devemos saber procurá-las e aproveitá-las, para tal não é necessário sermos pequenos génios, basta apenas estarmos dispostos a trabalhar e procuramos situações na qual o nosso trabalho represente uma mais-valia”, reitera Tomé.

Investigadores da UBI com trabalho na Nature