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A minha UBI: esboço de algumas memórias
Joaquim Simão Duarte · quarta, 27 de abril de 2011 ·
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21958 visitas Foi com uma certa emoção que recebi o convite por parte do director do jornal URBI@ORBI para escrever um texto para este jornal evocando os vinte e cinco anos da Universidade da Beira Interior. De facto a minha relação com a UBI tem quase a mesma idade. Pertenço à 1ª geração que entrou para a instituição após ter ganho o estatuto de universidade. Em Outubro de 1986 entrei para o curso de Gestão. Quase 25 anos. Mas como era a minha UBI? Em termos de edifícios era muito pequena. Praticamente resumia-se ao que é hoje o bloco 1 e o bloco 2 à volta da parada. A reitoria também aí ficava. Não se falava em baptismos mas sim na “Parada”. A expressão “Parada” significava não só o local como o evento que era uma mistura entre baptismo e praxe. O bar era bastante aconchegante, quase familiar. Ficava por cima dos Serviços Académicos, antes da sala 1.1. Quem hoje lá passa por certo nem imagina que o “Bar da UBI” era ali. A relação entre os alunos era muito mais próxima. No ano lectivo de 1986/87 o número de alunos era pouco mais de 800. Todos se conheciam. O número de cursos era muito pequeno. Se a memória não me falha, neste ano os cursos existentes eram apenas o de Gestão, Matemática / Informática e as Engenharias, e destas apenas a de têxtil e de papel eram completas, porque as outras tinham que ser terminadas no Instituto Superior Técnico. Muitas cadeiras eram leccionadas em conjunto. Em Análise Matemática e Álgebra Linear juntavam-se os alunos de Gestão e das Engenharias. Isto conduzia a que houvesse uma maior ligação entre os alunos dos diversos cursos. As aulas teóricas de Análise eram na famosa sala 3.1. Hoje pouca gente se lembrará onde era. Já nem existe. Situava-se na zona do têxtil. Uma sala enorme, não muito comprida, mas bastante larga. Havia 2 televisões para mostrar o que a professora estava a escrever no quadro. No início do semestre era necessário correr para conseguir um bom lugar. Esta cadeira deu também origem à primeira “greve” (paralisação como foi então designada) de alunos na UBI. Foi no início do ano de 1987 e foi para contestar os critérios de avaliação. A RTP (única estação televisiva que existia no país) veio à Covilhã. Os bailes de gala eram um acontecimento não só da UBI mas de toda a cidade. Nesse dia a cidade vestia-se a rigor. Antes do baile passeava-se pelos bares e cafés da cidade para mostrar os trajes. O meu Baile de Gala foi no Sanatório, local que repetiria no ano seguinte. A latada começou nessa altura a ganhar a tradição. Apesar de já ter havido uma ou duas, no meu ano teve já uma dimensão considerável. O vencedor era anunciado durante o baile de gala. Nos anos seguintes a universidade foi crescendo quer em edifícios, quer em cursos, quer em alunos. A actividade cultural e desportiva também se foi desenvolvendo. Em Março de 1988 nasceu o Cine-Clube, integrado inicialmente na então Associação de Estudantes. Por esta altura começou também a ser publicado “As Coisas do Arco”. Um jornal feito por alunos, mas para toda a comunidade académica. As participações da UBI nos campeonatos universitários davam sempre origem a grandes histórias e a alguns troféus também. Os torneios inter-cursos no CDC eram sempre bastante participados. Em 1988 numa final bastante disputada entre Gestão e Têxtil (se a memória não me falha) formou-se uma claque, construíram-se bandeiras e apesar de Gestão ter perdido esse torneio não impediu que a comemoração durasse a noite toda numa quinta nos arredores da cidade. Tinha vindo, de comboio, um leitão da Bairrada e não se podia desperdiçar. No meu 5º ano a UBI estava já muito diferente de quando era caloiro. Mais edifícios. O bar já era onde actualmente se situa. O número de cursos aumentou. Os alunos de engenharia já podiam terminar os seus cursos na UBI, não necessitando de ir para o técnico. O número de alunos cresceu bastante. No entanto a bênção das pastas em 1991 ainda foi na capela românica de São Martinho. Estava completamente cheia, mas ainda serviu. Foi o último ano que esta cerimónia aí se realizou. Realço também que neste ano os finalistas de Gestão publicaram o 1º livro de curso da UBI. Foi a principal fonte de financiamento da viagem de final de curso a Itália. Na véspera da partida foi inaugurado um importante espaço de diversão na cidade: A famosa Fábrica. Até final do ano e do curso foi o principal local de diversão. Estes foram os meus primeiros cinco anos na UBI. Depois destes 5 ainda houve mais quinze, mas as suas memórias poderão ser esboçadas em outra ocasião. |