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Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
Venham mais 25!
João Canavilhas · quarta, 4 de maio de 2011 ·
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21969 visitas Já lá vão 25 anos desde aquele 30 de Abril em que o velho Instituto Universitário se transformou em Universidade da Beira Interior. A cidade atravessava então uma das piores fases da sua história: a outrora conhecida como “Manchester Portuguesa” transformara-se num amontoado de instalações fabris abandonadas, a agricultura e o comércio eram sectores insípidos, o turismo não passava de um projecto e as ligações rodoviárias aos grandes centros eram paupérrimas. Um ou dois anos antes alguém aproveitou a discrição da noite para escrever duas simples palavras na placa que assinalava o início da cidade para quem entrava pelo lado do Canhoso: “cidade fantasma”. É esta a imagem mais forte que guardo daqueles tempos. Neste cenário desolador, a pequena universidade com apenas oito cursos era já uma esperança para a cidade, embora os 641 alunos passassem quase despercebidos num concelho com mais de 50 mil habitantes. A UBI resumia-se ao pólo I, com dois blocos pedagógicos, e ao pólo II, zona da residência, assim mesmo, no singular, porque era apenas uma! Falava-se na expansão da UBI a outros pontos da cidade, mas poucos imaginavam que a universidade chegasse aos quase sete mil alunos actuais. No Pólo IV, onde hoje estudam os cerca de 1900 alunos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, funcionava então uma sombra da grande empresa Ernesto Cruz que chegou a dar emprego a 810 trabalhadores. No edifício da Faculdade de Engenharias, hoje com 1800 alunos, funcionava a Empresa Transformadora de Lãs, que nos seus tempos áureos teve 451 trabalhadores. A actual Biblioteca Central alojava então os Serviços Municipalizados da Covilhã, a Residência Pedro Álvares Cabral era a Fábrica Roque Cabral e Filhos, e o actual Pólo 3, onde está a Faculdade de Ciências da Saúde, era uma das muitas quintas que rodeavam a cidade. Em 1986, a vida dos estudantes também era muito diferente. A Internet era conhecida por meia dúzia de académicos, e a Web não passava de um projecto. Por isso o convívio fazia-se no bar da UBI, que então se situava no átrio por cima dos Serviços Académicos, na Cervejaria Capri, do Sr. Artur Cornélio, que hoje é uma garagem entre o Oitavos e a CGD, ou na Tasca do Senhor Matos, frente ao Nova Forma. As noites eram passadas no Café Primor, que ainda existe, e no velho café Pólo Norte, localizado no Largo 5 de Outubro, junto ao Solneve. As noites terminavam na célebre Discoteca Numero Uno, no Tortosendo, na Discoteca A Fonte, frente à actual TGB, ou no Retiro, situado no rés-do-chão da Residencial Panorama, atrás da Câmara, perto do actual “Bairro Alto”. Muita coisa mudou nestes 25 anos. Embora o sector têxtil ainda tenha um grande peso na economia local, o novo motor da região é a UBI. Para além do contributo financeiro de todos os que aqui estudam e trabalham, a Universidade fixou recursos humanos qualificados e atraiu novas empresas que criaram emprego. De uma forma geral, o nível de vida dos covilhanenses melhorou muito com o crescimento da sua Universidade. Apesar deste inegável sucesso e dos seus 25 anos, a UBI é ainda uma instituição frágil. Devido às enormes dificuldades que o país atravessa, os cortes na despesa do Estado estão na ordem do dia, criando-se assim o cenário ideal para regressarem os que sempre defenderam um Ensino Superior concentrado nos grandes centros. E os primeiros argumentos já por aí circulam: o documento intitulado “Ocupação racional da rede pública de Ensino Superior” é apresentado como um mero contributo para a discussão do tema, mas reúne todos os quesitos para ser uma excelente arma de arremesso contra as instituições do Interior. É um estudo com gravíssimos erros de base que distorcem completamente os resultados finais, mas serve perfeitamente os propósitos dos centralistas. Ao longo da sua história a UBI lutou contra todo o tipo de adversidades e conseguiu sempre vencer. A celebração do seu 25º aniversário é motivo de regozijo, mas devemos estar cientes de que temos uma missão: fazer tudo para que a UBI cumpra mais 25 anos de sucessos. |