Desde que concluiu a sua licenciatura em Engenharia Têxtil que Ana Paula não vinha à UBI. Em 1996 regressou à zona do Porto, de onde é natural, para iniciar uma carreira profissional que lhe tem ocupado quase todo o tempo. No passado fim-de-semana aceitou os desafios dos antigos colegas e participou na segunda edição dos “Bons Tempos na UBI”.
A viagem até à Covilhã serviu para verificar algumas alterações, sobretudo na melhoria das estradas. No edifício da Parada, Ana Paula e os seus colegas verificaram que a casa que os ajudou "a formar enquanto pessoas e alunos, pouco mudou”. Ao ponto de “os cheiros serem iguais”. “Aquilo que mais me impressionou foi precisamente isso, as salas ainda guardam o mesmo cheiro, os mesmos quadros e disposições, está tudo quase como no tempo em que saí”, acrescenta Ana Paula. Esta engenheira têxtil parece ter regressado ao tempo em que o mundo ainda não conhecia o telemóvel, em que o último grito tecnológico em termos de comunicações “eram as cabines telefónicas que permitiam utilizar o credifone”. Tudo na UBI, “que se resumia ao edifício que tinha albergado um quartel militar”, era pequeno e familiar. Eram “bons tempos, que agora recordo”.
Enquanto Ana Paula vai olhando continuamente para todo o largo da Parada, no final de uma tarde de Outubro, Isabel Cristina, colega de licenciatura e também de trabalho, numa empresa têxtil em Barcelos, chama a atenção para pequenos pormenores como as placas de madeira que indicam as salas. “No nosso tempo, era precisamente igual”. O sorriso desenha-se no rosto da engenheira quando olha atentamente para a fonte que se encontra junto ao Museu dos Lanifícios. Foi ali o seu “baptismo” como estudante da academia covilhanense. A iniciativa dos “Bons Tempos da UBI” levou a que fizessem a viagem do Norte até à “cidade neve” e “foi bom, sobretudo recordar o primeiro dia na universidade, as filas para as matrículas e as primeiras praxes”. A academia, essa está mudada, “não tanto este edifício principal, mas sobretudo os novos pólos, que não existiam nesse tempo”. Aquilo que também mudou “foi o centro da cidade”. As duas colegas decidiram almoçar pela zona do Pelourinho e o que se pode ver “é que o centro está bastante mais velho, não só as casas, mas também e acima de tudo, as pessoas”.
Para quem esteve ligada ao início das tunas, aos primeiros passos da associação académica, ao nascimento da UBI, “o regresso é uma coisa muito boa”. A iniciativa “deve repetir-se anualmente, claro”, garantem as antigas alunas. Serve precisamente, “para relembrar bons momentos, acrescenta uma das licenciadas”.
Sérgio Jorge também foi aluno na Covilhã. Depois de entrar na Parada e de rever as suas colegas, encontra tempo para falar sobre a experiência dos “Bons Tempos na UBI”. A ideia de reunir “nesta casa que é de todos os seus alunos, e as suas muitas histórias, é fantástica”. Sérgio guarda ainda hoje memórias das salas da Parada. Os quadros são os mesmos, as cadeiras, “tudo parece estar bem preservado e servir agora para outros colegas”. A cidade, “a própria universidade”, essas sim “foram alvo de muitas mudanças”. Na UBI o crescimento das infra-estruturas é o traço mais distintivo dos primeiros tempos, em relação ao momento actual.
Na Parada “girava o mundo académico”. Sérgio Jorge recorda cursos de Engenharia, de Comunicação e Gestão, de Matemática, “todos tinham aulas muito próximos”. A própria Covilhã “tinha um ambiente fechado e éramos muito poucos estudantes. Toda a gente se conhecia e não precisávamos de marcar um local de encontro. Ou nos juntávamos no “Verdinho”, ou noutros cafés perto do centro. Fazíamos a cidade toda a pé e com as pessoas muito acolhedoras. Embora esta fosse uma cidade serrana, as pessoas eram muito ligadas a nós”, remata Ana Paula.
Sinais que estão evidenciados no filme de Telmo Martins. “Um Funeral à Chuva” passou na tarde de sábado, na Cinubiteca da UBI. Um trabalho realizado também por um antigo aluno da instituição que “acaba por falar do reencontro das pessoas. Universitários que nas suas vivências criam relações muito fortes que de um momento para o outro se acabam, se estilhaçam, cada um vai para seu lado e a velocidade da vida leva a que as pessoas esqueçam, de alguma forma, este tipo de amizades”. Martins sublinha a importância deste tipo de eventos, precisamente porque “permite o reencontro de amigos, o que faz com que as pessoas e as suas amizades se mantenham mais duradouras e tenham um maior significado”.
Na organização do encontro está Pedro Mamede. Ligado à promoção de eventos e ao marketing territorial, em termos profissionais, Mamede é ligado à UBI pela mesma razão que todas as mais de 200 pessoas que no passado fim-de-semana se reuniram na Covilhã, porque foi antigo aluno da instituição. No balanço da segunda iniciativa “é com bastante agrado que vejo que esta edição está a ter mais impacto que a do ano anterior, com uma maior adesão por parte das pessoas e com novos participantes”.
Para um dos principais organizadores deste evento, “o número crescente de participantes e também o facto de estarem presentes alunos que frequentarem a UBI há muitos anos e outros há bem pouco tempo” parecem garantir o sucesso da iniciativa. Um projecto que “vai melhorar todos os anos”. Pedro Mamede espera que nos próximos eventos “se chame a atenção para os empreendedores que saíram desta universidade e para todos os grandes projectos que os alunos desta academia estão a realizar”. Outra das apostas passa também por um reforço de presença no meio primordial de divulgação da iniciativa, a Internet. O principal organizador do evento aponta “o papel fundamental das redes sociais no sucesso e projecção deste evento” e para uma crescente aposta nos projectos que vão decorrer nos grupos sociais que foram sendo criados a propósito dos Bons Tempos.