Urbi@Orbi – Por outro lado, o professor sublinha e bem, a forte ligação que a faculdade imprimiu com a comunidade. A prestação de serviços, estudos e análises, entre outros. Actividades que vão continuar, vão ser reformuladas, que projectos têm?
Pedro Guedes de Carvalho – [Ver Resposta] – Até este momento, todos estes projectos eram feitos para a comunidade e prestados à comunidade e deram algum financiamento à própria universidade, mas não foram aproveitados no sentido dos dados que com eles se obtiveram, fazer algumas publicações científicas. A minha indicação não é parar esses projectos, pelo contrário, é manter alguma ligação e alargá-los; mas mais focados não só na prestação do serviço como na utilização desse serviço a bem dos profissionais que estão a trabalhar nisso e poderem publicar as suas experiências e trocá-las com a comunidade científica internacional.
Não é uma meta fácil, mas estou a tentar que se siga. Neste momento, a situação desses projectos está estável, ou seja, já não há tanta procura como exista antigamente, por esse tipo de estudos e nós estamos a pensar reformular isso com uma série de protocolos. Quando tivermos ideias claras, a própria universidade vai à comunidade apresentar temas, dizendo que gostaria de investigar determinados assuntos e com certos objectivos, desafiando a comunidade a participar e patrocinar esses mesmos estudos.
Urbi@Orbi – É necessário que a comunidade se reveja nesta faculdade?
Pedro Guedes de Carvalho – [Ver Resposta] – Parece-me que tem de haver aqui uma inversão no sentido de ser a universidade a ir à comunidade e mostrar o que pode fazer por ela e mostrar qualidade científica, no sentido de apresentar conclusões com os seus estudos e estes sejam vantajosos para o tecido económico e social da região.
Urbi@Orbi – Outro dos parâmetros que as novas regras das universidades vêm focar é o da pedagogia. Um ensino mais centrado no aluno, os docentes mais operacionais, um Conselho Pedagógico mais activo. Também está a trabalhar nesse sentido?
Pedro Guedes de Carvalho – [Ver Resposta] – Estamos sim. A primeira reunião geral já decorreu e agora vamos ter reuniões de trabalho sobre três cursos, para que em Setembro de 2010 essas mesmas formações arranquem com um modelo completamente diferente daquele que tem sido tradicional ao nível dos aspectos pedagógicos.
Os cursos de Ciências do Desporto, Ciência Política e Relações Internacionais e Psicologia são os cursos que vão arrancar com isso. Estamos já a trabalhar com a pró-reitora, professora Isabel Neto, no sentido de alterar os cursos para os modelos pretendidos. Para já, vamos arrancar com os primeiros desses cursos e depois alargar as mudanças aos segundos e terceiros anos.
Urbi@Orbi – As mudanças passam essencialmente por quê?
Pedro Guedes de Carvalho – [Ver Resposta] – A experiência pedagógica ao longo de muitos anos habituou-nos a fazer aulas mais teóricas, depois mais expositivas, alguns trabalhos com os alunos, uma ou duas frequências e uma avaliação.
Aquilo que hoje se pretende é que grande parte do tempo que o professor gastava em dar os materiais, escrevê-los, dizê-los passe agora para uma estratégia diferente onde o professor passa a ser mais um facilitador de documentação e acompanha o aluno na pesquisa desse conhecimento. Isto é, passa de uma posição de “dar” a obrigar o outro a querer ter. Este é o grande centro da mudança.
Quando se diz um ensino centrado no aluno, termo que não gosto muito, quer explicar-se a situações onde a parte activa é o aluno. Até aqui era aquilo que o professor dizia que o aluno recebia e depois testava isso com duas frequências e estava feito. Nestes moldes, o que pretendemos é que o professor se “apague” desses moldes presenciais e que o aluno esteja muito mais activo, ele próprio a buscar e a fazer as perguntas que necessita, ao professor, para evoluir e para acompanhar.
A avaliação vai ser diferente, já não contam só as frequências, mas é o trabalho do aluno ao longo das semanas. O trabalho dos estudantes soa 40 horas semanais e no fim de todo o curso recebe um diploma. Aqui todos temos de aprender, quer alunos quer professores, não estão habituados a isso.
Urbi@Orbi – Depreendo que o futuro da faculdade, a atracção de mais alunos, seja feita através destas melhorias de formação e de leccionação e também pela internacionalização. É isso que espera obter no final de quatro anos?
Pedro Guedes de Carvalho – [Ver Resposta] – Não é fácil, mas quatro anos dão para esperar que, se neste ano for possível colocar três cursos a decorrer de uma nova forma, e que nos anos seguintes se chegue ao fim dos ciclos em três cursos, as restantes formações iriam introduzindo as mudanças, por arrastamento. Não diria que daqui a quatro anos estejam todos transformados, mas espero que esteja a grande base. Espero que em seis anos, toda a faculdade tenha mudado para as novas metodologias.
Ao nível da produção científica tenho a certeza que vamos quadruplicar os nossos valores, porque os incentivos vão ser fortes e as pessoas vão perceber que é por aí que seguram a sustentabilidade do seu emprego. Há pessoas a acabar mestrados e doutoramentos lá fora que pedem para vir para cá, se têm melhores currículos, têm mais possibilidades de entrar.
“Só é possível aumentar a credibilidade da faculdade se tivermos produção científica”
“Está a decorrer uma mudança geracional”