Arminda do Paço
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Marketing Ambiental: Moda ou Tendência?
À medida que
o lixo se foi amontoando nas lixeiras, as florestas foram
desaparecendo e o ar se foi tornando cada vez mais irrespirável,
ganhou força uma “revolução”
destinada a travar a utilização incorrecta
dos recursos.
Em Portugal, contrariamente ao que sucedeu noutros países
europeus, a preocupação com as questões
ambientais surgiu tarde. A adesão à Comunidade
Europeia, em 1986, e o “Ano Internacional do Ambiente”,
em 1987, marcaram o início de uma discussão
mais séria sobre as questões ambientais
(foram anunciadas publicamente as estratégias,
as preocupações com a conservação
da natureza e os problemas ambientais). Nos anos 90, o
tema do ambiente instalou-se definitivamente como “preocupação”
na opinião pública Portuguesa, proliferaram
decretos e foram adaptadas algumas directivas europeias.
A consciência e as preocupações ambientais
do consumidor começaram a ser mais visíveis.
Numa tentativa de se protegerem e protegerem o Planeta,
os consumidores tendem a liderar uma nova tendência
denominada de “consumismo ambiental”, que
defende a compra de produtos verdes em detrimento dos
produtos convencionais. Consequentemente, as empresas
começaram a responder com mais consistência
a esta tendência, procurando atender às necessidades
dos seus clientes através da oferta de produtos
mais saudáveis e estabelecendo-se como “amigas
do ambiente”.
Nesta “nova” era do marketing, os produtos
passam a ser avaliados com base, não apenas, no
desempenho ou no preço, mas também tendo
em conta a responsabilidade social dos produtores. O conceito
de “valor” passa a incluir a salubridade do
produto e da embalagem, e a imagem de qualidade passa,
pois, a estar associada ao impacto ambiental.
Assim, o marketing ambiental deverá ser assimilado
pelas empresas como uma ferramenta estratégica.
A perspectiva de aumentar a quota de mercado é
apenas um dos inúmeros benefícios potenciais
que a sua prática pode trazer. Os gestores de marketing
constataram que o desenvolvimento de produtos e processos
de produção mais saudáveis ecologicamente,
não só fornecem a oportunidade para fazer
correctamente as coisas, como podem contribuir para uma
melhor imagem corporativa e da marca, economizar recursos
financeiros e abrir novos mercados.
Actualmente as empresas vêem-se confrontadas com
a necessidade de dar uma resposta rápida face aos
novos interesses ambientais dos consumidores. Nos EUA,
muitos profissionais de marketing, sobretudo os das indústrias
de produtos químicos, petrolíferas e de
produtos de limpeza doméstica, já se aperceberam
desta realidade. Desenvolveram estratégias de comunicação
agressivas e estabeleceram sistemas administrativos para
garantir que a sua oferta seguia as normas regulamentadoras
e os interesses dos consumidores. Outras empresas, pelo
contrário, têm sido lentas numa resposta,
alegando que o consumo ambiental “não passa
de uma moda”.
Também na Europa, as empresas têm vindo a
adoptar uma postura mais verde. Por exemplo, em países
como a Alemanha, Suíça, Itália, França,
Holanda e Reino Unido, onde desde há muito tempo
que os resíduos sólidos são uma questão
crítica, foram criados programas de redução
e separação de lixos. Por sua vez, os Japoneses
poderão surgir como líderes em tecnologia
ambiental neste século, uma vez que criaram tecnologias
avançadas de prevenção da poluição
e conservação de energia.
Conclui-se assim, que as empresas que não ofereçam
ao mercado produtos mais seguros e saudáveis, arriscar-se-ão
a perder alguma credibilidade juntos dos consumidores
mais preocupados com as questões ambientais. Por
outro lado, as organizações que forem responsáveis
socialmente e que utilizem estratégias de marketing
ambiental poderão tirar proveito das inúmeras
oportunidades apresentadas pelo consumismo responsável
e obter maiores vantagens competitivas. Portanto, esta
deverá ser uma tendência (e não uma
moda) cada vez mais seguida, e que poderá marcar
a diferença entre as empresas!
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