Papagaios de papel,
cataventos instrumentos que produzem sons musicais, “entenda-se”,
são algumas das atracções de um evento
que se desenrola em torno do vento. Este fenómeno
natural, cuja força e capacidade inata parece ser
uma separação constante do que está
junto, torna-se, por estes dias, em Castelo Novo, elemento
unificador de saberes e fazeres culturais.
A iniciativa da autarquia fundanense, marcada para o centro
da aldeia histórica, está carregada de simbolismo
e de acções. Oficina de Instrumentos de
Sopro, Espectáculo de Dança pela Companhia
Neodanza (Venezuela), Philip Hamilton (EUA) (evento integrado
no “Fringe 2004” – Festival Internacional
de Dança Contemporânea) e voo cativo em balão
de ar quente são algumas das razões para
ir até Castelo Novo.
Um dos pontos altos deste Festival acontecerá logo
no dia de abertura, a 2 de Setembro. Pelas 21 horas, na
Lagariça, terá lugar o lançamento
da antologia de poesia ibérica “Vento –
Sombra de Vozes / Viento – Sombra de Voces”.
Uma obra que reúne 68 poetas espanhóis e
portugueses e onde o vento é o elemento unificador
que perpassa todas as páginas escritas nas duas
línguas.
Editada pela Câmara Municipal do Fundão e
Celya Editora (editora sediada em Salamanca, Espanha),
esta antologia apresenta-se como uma homenagem à
matéria simbólica e poética que é
o vento, elemento agregador e criador. Fomentando a cooperação
transfronteiriça, valorizando a cultura poética
e elevando ainda mais a língua portuguesa, o Município
do Fundão ultrapassa a fronteira da interioridade,
acariciando novas aragens que sopram de outras latitudes
da Península Ibérica.
Em perfeita comunhão linguística e poética,
a apresentação de “Vento – Sombra
de Vozes / Viento – Sombra de Voces” - a cargo
de Gabriel Magalhães, docente da Universidade da
Beira Interior -, constará ainda de um recital.
António Salvado, Jorge Fragoso, José do
Carmo Francisco, Nicolau Saião, Pedro Sena-Lino,
Rafael Dionísio, Jesús Losada, María
Ángeles Maeso e Santos Jimenez são as vozes
poéticas por onde soprará o vento português
e espanhol, respectivamente.
Já no dia 3 de Setembro, e a partir das 21:30h,
as ruas de Castelo Novo vão servir de palco a um
diálogo entre a dança e o património
arquitectónico. Trata-se do Espectáculo
de Dança pela Companhia Neodanza (Venezuela) e
Philip Hamilton (EUA) (evento integrado no “Fringe
2004” – Festival Internacional de Dança
Contemporânea). Intensidade, união entre
o físico e o psicológico e o confronto da
vida urbana com o ambiente relaxante de Castelo Novo são
algumas das características de um espectáculo
que juntará artistas oriundos de vários
pontos do Mundo.
Trazer a dança contemporânea à rua,
trabalhar o diálogo entre esta forma de expressão
e o património das localidades é a ideia
de base do “Fringe 2004 – Festival Internacional
de Dança Contemporânea”. O fringe (que
significa baixos custos) tem como objectivo sensibilizar
públicos para a leitura de um movimento pós-moderno
e aposta forte na descentralização da dança
em Portugal. A qualidade das actividades desenvolvidas
tem conquistado muito público pois nas suas cinco
edições o fringe contou com mais de 350
artistas e acolheu 40 mil visitantes.
Do programa do Festival destaca-se igualmente a apresentação
do livro “Redemoinhos – Ventos e Tempos da
Beira”, no dia 4 de Setembro, pelas 15 horas, nos
antigos Paços do Concelho de Castelo Novo. Coordenado
por Maria Adelaide Salvado, o ensaio será apresentado
pelo conhecido meteorologista José Manuel Costa
Alves.
Ainda no dia 4, pelas 21:30h, os Antigos Paços
do Concelho recebem o quarteto de acordeões Danças
Ocultas, um grupo vindo de Águeda e considerados
pela crítica como um dos projectos mais interessantes
da nova música portuguesa.
Para o último dia do Festival, 5 de Setembro, logo
às 9h, o público terá oportunidade
de desfrutar da exposição de objectos eólicos,
produto das oficinas que vão ter lugar. Uma intervenção
artística exibida pelas ruas, janelas e varandas
da Aldeia Histórica. E de, a partir das 10h, subir
ao encontro do céu num balão de ar quente
O encerramento do Festival de Castelo Novo – Encontro
do Vento será ao som dos instrumentos de sopro.
O Concerto Musicata não tem hora marcada. Está
dependente da vontade do Sol em se pôr. A partir
daí é desfrutar da música oferecida
pelo grupo de jovens que desde dia 2 estive envolvido
num estágio na Academia de Música e Dança
do Fundão.
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