Os trabalhos de restauro do tecto da Casa das Morgadas,
onde está instalada a sede do Partido Comunista
da Covilhã, estão a decorrer desde a última
semana. Maria da Conceição Viana, técnica
de restauração a trabalhar no local, explica:
"Estamos a proceder à limpeza do tecto que
está cheio de cromalaca, uma substância cor
de laranja, de forma a poder mostrar as cores originais
das pinturas". O tecto da Casa das Morgadas "tem
representados quatro continentes e cada canto tem pinturas
alusivas a esses quatro continentes", declara a profissional
de restauração.
No momento, os trabalhos estão voltados para a
remoção da camada cromática. Dentro
de duas semanas, os técnicos vão voltar
pois "este não vai ser um trabalho contínuo,
mas sim interrompido. Os períodos de secagem também
são muito importantes, porque não se pode
dar camadas de protecção com os dissolventes
usados no levantamento", justifica Conceição
Viana.Os trabalhos envolvem uma equipa de cinco técnicos
especializados, que utiliza solventes orgânicos,
testados conforme o tipo de sujidade.
Em relação à Capela, adjacente ao
edifício, Maria da Conceição Viana
afirma ser verdade que se vai proceder a obras de arranjo.
Mas "neste momento só nos pediram para fazer
um orçamento".
Recorde-se que a existência destes painéis
pintados em madeira e atribuídos a um autor anónimo
dos finais do século XVI / princípios do
século XVII, foi levada ao conhecimento de Jorge
Patrão, presidente da Região de Turismo
da Serra da Estrela (RTSE) em Junho de 2000. A 21 de Maio
de 2001, Armando Morais, do PCP, e Jorge Patrão
assinaram um protocolo de recuperação e
integração dos caixotões do tecto
da Casa das Morgadas na rota turística dos Descobrimentos
da Serra da Estrela. As despesas de restauro ficaram orçadas
em 13 mil contos, o que levou a que a RTSE elaborasse
uma candidatura ao Programa Comunitário de Incentivo.
Depois de finalizados os trabalhos de recuperação,
o público terá a possibilidade de visitar
um exemplar único de pintura profana na região.
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