António Fidalgo
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AS LABUTAS DA UBI
O reitor da UBI foi muito claro
relativamente à abertura do curso de medicina na UBI em
Outubro próximo. A UBI, disse, está pronta a arrancar
com o curso, e, se necessário fosse, poderia fazê-lo
já amanhã. Porquê então esta dúvida
contínua de que ainda não é este ano? A
quem serve a dúvida?
Não é segredo para ninguém que a história
da UBI tem sido uma história de esforço, persistência,
de trabalho e luta. O reitor da Universidade de Aveiro referiu
justamente isso há muito pouco tempo na entrevista a um
jornal nacional. Na UBI tem de ser tudo ganho a pulso. E o caso
da medicina não sai pelos vistos da tradição.
Há-de haver sempre no Litoral quem olhe para o Interior
de forma sobranceira, duvidando da capacidade de quem aqui trabalha,
ensina e investiga. Os preconceitos fecham-lhes os olhos à
realidade bem concreta do que já está feito.
As universidades do Litoral, sobretudo as clássicas, têm
a vida garantida. Mesmo que os cursos não tenham qualidade
alguma - e há casos desses, demonstrados pelas avaliações
externas - , os alunos aparecem sempre. Um professor lá
pode limitar-se a dar as suas aulas, quando as dá, fazer
a sua investigação, quando a faz, e tem a missão
cumprida. Aqui tem de lutar pelos alunos, formar equipas de docentes
e de investigação, lançar novos cursos,
criar novos departamentos, construir de raiz as rotinas académicas
que nas universidades mais antigas há muito estão
criadas. O que os colegas de Lisboa, Coimbra e Porto têm
de fazer não é tanto pensar nas suas academias,
mas mais no seu trabalho académico. Nas escolas novas,
ao invés, o pensamento tem de ir primeiro para a escola
e só depois para a realização académica
pessoal.
O curso de medicina vai começar em Outubro por decisão,
trabalho e tenacidade de quem na UBI tem lutado pela nova faculdade.
Não é por acaso, é por decisão, por
vontade própria. Não venha ninguém de fora
duvidar do trabalho que já está à vista.
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