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Santos Silva conduziu o primeiro-ministro e restante comitiva numa visita às instalações do novo edifício das Engenharias
  Guterres, Arcanjo e Martins na UBI
Abrir horizontes ao Interior

POR CATARINA MOURA
        E RAQUEL FRAGATA

À terceira foi mesmo de vez. Depois de sucessivos adiamentos, a Universidade da Beira Interior foi finalmente palco, no mesmo dia, de dois acontecimentos de relevo na vida da instituição: a assinatura do Contrato de Desenvolvimento da Faculdade de Ciências da Saúde, com um valor superior a 4 milhões de contos, e a inauguração do Edifício das Ciências da Engenharia. Um dia em grande, marcado pela presença do primeiro-ministro António Guterres, da ministra da Saúde Manuela Arcanjo e do ministro da Educação Guilherme d'Oliveira Martins.


A Faculdade de Ciências da Saúde já pode avançar. À espera de financiamento desde 1998, data em que foi atribuída à UBI em Conselho de Ministros, a nova faculdade arranca agora, a um ano da data marcada para o início das primeiras licenciaturas - Outubro de 2001. A assinatura do Contrato de Desenvolvimento decorreu hoje, no Anfiteatro das Sessões Solenes da UBI, por volta das 12h30, e contou com a presença dos ministros da Saúde e da Educação, e do primeiro-ministro, António Guterres.
De acordo com as palavras do Reitor da instituição, Santos Silva, a assinatura deste Contrato "abre novos horizontes à UBI, possibilitando iniciar a formação numa área de vital importância para o País e, em particular, para uma vasta região do Interior". O Contrato permitirá, através de um compromisso entre a universidade e os ministérios envolvidos, financiar os trabalhos preparatórios e a construção dos edifícios necessários, junto ao Hospital da Cova da Beira, onde ficará instalado o Pólo III da UBI. Além do edifício, é objectivo da universidade instalar ali Centros e Institutos de Investigação, uma residência universitária, unidades alimentares de apoio, e ainda abrir um espaço à iniciativa privada, "de forma a constituir-se um verdadeiro Campus da Saúde", sublinha o Reitor.
O financiamento, que monta aos 4 milhões e 150 mil contos, vai decorrer em duas etapas: na primeira, a UBI recebe 450 mil contos, e na segunda 3 milhões e 600 mil contos. Segundo Santos Silva, "foi uma decisão política que conseguiu reunir, numa só medida, três prioridades estabelecidas pelo Governo: a educação, a saúde e o desenvolvimento do Interior".

"Um acto da maior relevância"

Também Manuela Arcanjo sublinha a questão do desenvolvimento regional como justificação para a criação da nova Faculdade de Ciências da Saúde. De acordo com a ministra, esta faculdade vem "melhorar os cuidados de saúde no interior e fixar profissionais qualificados na região", pelo que "o Ministério da Saúde não poderia alhear-se dos objectivos deste projecto".
Para Guilherme d'Oliveira Martins, a assinatura do Contrato de Desenvolvimento constitui "um acto da maior relevância, quer na perspectiva nacional, quer na lógica do reforço da instituição académica, que fica com a responsabilidade de concretizar a resposta ao desafio exigente que agora se coloca".
O ministro da Educação realçou ainda a importância da criação de uma rede de saúde que, no caso da UBI, irá integrar as unidades de Castelo Branco e da Guarda, e cuja virtualidade será "o melhor aproveitamento de recursos" e capacidades instaladas. O ministro adiantou ainda que alguns dos cursos de Tecnologias da Saúde irão ser ministrados nesses Institutos Politécnicos.

Novas escolas podem corrigir velhos erros

António Guterres começa, humorado, por fazer rir a assistência quando compara a assinatura do Contrato de Desenvolvimento da nova faculdade ao jogo de futebol de ontem, no qual a selecção portuguesa venceu a inglesa. Mas o primeiro-ministro realça que, se é possível perder por 2 a 0 nos primeiros 20 minutos e recuperar no que resta dos 90 minutos de jogo, não é assim tão simples recuperar de "erros de décadas que minaram o sistema de saúde português". Erros que, segundo Guterres, englobam a formação de profissionais de saúde. "A forma como o sistema se auto-limitou", continua o governante, "fez perder muitas verdadeiras vocações de médicos. Na década de 80, o estabelecimento de médias altíssimas prejudicou o sistema, pois a profissão médica não exige apenas capacidade para estudar, exige também uma forte dimensão humana". É nesta perspectiva que "faz sentido criar novas vagas e novas escolas", conclui.
João Casteleiro, director do Hospital Cova da Beira, realçou a importância da Faculdade de Medicina como "mais uma factor de desenvolvimento para a comunidade estudantil" e para o próprio hospital. "O hospital é um parceiro a 50 por cento, com grande importância na formação e no ensino médico", afirmou.

Despertar vocações tecnológicas

A inauguração do Edifício II das Engenharias deu o mote a António Guterres para falar do que chamou de "crise das vocações tecnológicas", uma tendência que tem vindo a crescer no Ocidente e que este ano em Portugal, pela primeira vez, deixou vagas por preencher nos cursos de Engenharia. Para o primeiro-ministro "é indiscutível que há aqui um problema de vocação". Uma questão cuja solução, a seu ver, cabe às universidades, que devem ser capazes de "despertar vocações tecnológicas e dotar o País dos quadros necessários para o seu crescimento".
Os portões da "maior obra alguma vez realizada pela universidade", como muitas vezes é referido o Edifício II das Ciências da Engenharia, abriram-se para os ministros, o Reitor, os vice-reitores e restantes individualidades civis, militares e eclesiásticas que assistiram à cerimónia e ali se dirigiram para a inauguração, por volta das 14 horas.
Descerrada a placa, após a benção do Bispo emérito A. Garcia, de Moçambique, António Guterres e restante comitiva acompanharam Santos Silva numa visita pelas novas instalações. Durante a ronda António Guterres elogiou a recuperação arquitectónica do edifício e a qualidade científica dos laboratórios.
O primeiro-ministro presenciou, na companhia do Reitor e de Elisa Pinheiro, directora do Museu dos Lanifícios, a inauguração de duas exposições temporárias no espaço do Museu, "Tapeçaria Contemporânea Portuguesa" e "Os selos e a música".

 

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