A Faculdade de Ciências da
Saúde já pode avançar. À espera de
financiamento desde 1998, data em que foi atribuída à
UBI em Conselho de Ministros, a nova faculdade arranca agora,
a um ano da data marcada para o início das primeiras licenciaturas
- Outubro de 2001. A assinatura do Contrato de Desenvolvimento
decorreu hoje, no Anfiteatro das Sessões Solenes da UBI,
por volta das 12h30, e contou com a presença dos ministros
da Saúde e da Educação, e do primeiro-ministro,
António Guterres.
De acordo com as palavras do Reitor da instituição,
Santos Silva, a assinatura deste Contrato "abre novos horizontes
à UBI, possibilitando iniciar a formação
numa área de vital importância para o País
e, em particular, para uma vasta região do Interior".
O Contrato permitirá, através de um compromisso
entre a universidade e os ministérios envolvidos, financiar
os trabalhos preparatórios e a construção
dos edifícios necessários, junto ao Hospital da
Cova da Beira, onde ficará instalado o Pólo III
da UBI. Além do edifício, é objectivo da
universidade instalar ali Centros e Institutos de Investigação,
uma residência universitária, unidades alimentares
de apoio, e ainda abrir um espaço à iniciativa
privada, "de forma a constituir-se um verdadeiro Campus
da Saúde", sublinha o Reitor.
O financiamento, que monta aos 4 milhões e 150 mil contos,
vai decorrer em duas etapas: na primeira, a UBI recebe 450 mil
contos, e na segunda 3 milhões e 600 mil contos. Segundo
Santos Silva, "foi uma decisão política que
conseguiu reunir, numa só medida, três prioridades
estabelecidas pelo Governo: a educação, a saúde
e o desenvolvimento do Interior".
"Um acto da maior relevância"
Também Manuela Arcanjo
sublinha a questão do desenvolvimento regional como justificação
para a criação da nova Faculdade de Ciências
da Saúde. De acordo com a ministra, esta faculdade vem
"melhorar os cuidados de saúde no interior e fixar
profissionais qualificados na região", pelo que "o
Ministério da Saúde não poderia alhear-se
dos objectivos deste projecto".
Para Guilherme d'Oliveira Martins, a assinatura do Contrato de
Desenvolvimento constitui "um acto da maior relevância,
quer na perspectiva nacional, quer na lógica do reforço
da instituição académica, que fica com a
responsabilidade de concretizar a resposta ao desafio exigente
que agora se coloca".
O ministro da Educação realçou ainda a importância
da criação de uma rede de saúde que, no
caso da UBI, irá integrar as unidades de Castelo Branco
e da Guarda, e cuja virtualidade será "o melhor aproveitamento
de recursos" e capacidades instaladas. O ministro adiantou
ainda que alguns dos cursos de Tecnologias da Saúde irão
ser ministrados nesses Institutos Politécnicos.
Novas escolas podem corrigir
velhos erros
António Guterres começa,
humorado, por fazer rir a assistência quando compara a
assinatura do Contrato de Desenvolvimento da nova faculdade ao
jogo de futebol de ontem, no qual a selecção portuguesa
venceu a inglesa. Mas o primeiro-ministro realça que,
se é possível perder por 2 a 0 nos primeiros 20
minutos e recuperar no que resta dos 90 minutos de jogo, não
é assim tão simples recuperar de "erros de
décadas que minaram o sistema de saúde português".
Erros que, segundo Guterres, englobam a formação
de profissionais de saúde. "A forma como o sistema
se auto-limitou", continua o governante, "fez perder
muitas verdadeiras vocações de médicos.
Na década de 80, o estabelecimento de médias altíssimas
prejudicou o sistema, pois a profissão médica não
exige apenas capacidade para estudar, exige também uma
forte dimensão humana". É nesta perspectiva
que "faz sentido criar novas vagas e novas escolas",
conclui.
João Casteleiro, director do Hospital Cova da Beira, realçou
a importância da Faculdade de Medicina como "mais
uma factor de desenvolvimento para a comunidade estudantil"
e para o próprio hospital. "O hospital é um
parceiro a 50 por cento, com grande importância na formação
e no ensino médico", afirmou.
Despertar vocações
tecnológicas
A inauguração do
Edifício II das Engenharias deu o mote a António
Guterres para falar do que chamou de "crise das vocações
tecnológicas", uma tendência que tem vindo
a crescer no Ocidente e que este ano em Portugal, pela primeira
vez, deixou vagas por preencher nos cursos de Engenharia. Para
o primeiro-ministro "é indiscutível que há
aqui um problema de vocação". Uma questão
cuja solução, a seu ver, cabe às universidades,
que devem ser capazes de "despertar vocações
tecnológicas e dotar o País dos quadros necessários
para o seu crescimento".
Os portões da "maior obra alguma vez realizada pela
universidade", como muitas vezes é referido o Edifício
II das Ciências da Engenharia, abriram-se para os ministros,
o Reitor, os vice-reitores e restantes individualidades civis,
militares e eclesiásticas que assistiram à cerimónia
e ali se dirigiram para a inauguração, por volta
das 14 horas.
Descerrada a placa, após a benção do Bispo
emérito A. Garcia, de Moçambique, António
Guterres e restante comitiva acompanharam Santos Silva numa visita
pelas novas instalações. Durante a ronda António
Guterres elogiou a recuperação arquitectónica
do edifício e a qualidade científica dos laboratórios.
O primeiro-ministro presenciou, na companhia do Reitor e de Elisa
Pinheiro, directora do Museu dos Lanifícios, a inauguração
de duas exposições temporárias no espaço
do Museu, "Tapeçaria Contemporânea Portuguesa"
e "Os selos e a música".
PODE LER MAIS SOBRE O ASSUNTO
EM
Manifestantes
confrontam Guterres |