CP estuda viabilidade
Comboio Académico
pode
regressar em Setembro
O Comboio Académico foi o único transporte ferroviário
da Beira Baixa que, até há bem pouco tempo, fazia
uma ligação directa de Castelo Branco ao Porto,
passando pelas cidades da Covilhã e da Guarda. Um serviço
que ganhou, sobretudo, a adesão da comunidade universitária
da Cova da Beira, mas que não conseguiu o mesmo entusiasmo
junto da população não estudante.
Carlos Madeira, relações publicas da CP, afirma
que o fim do Comboio Académico foi ditado pelo avolumar
de prejuízos e pelo facto de não corresponder às
necessidades dos utilizadores.
Esta decisão pode não passar de uma mera interrupção
do serviço, uma vez que, ao que tudo indica, será
retomado no principio do próximo ano lectivo. Neste sentido,
já foi realizado um estudo da responsabilidade da CP,
junto dos potenciais utentes, para averiguar qual a sua receptividade
ao regresso do "Académico" e adequar o horário
de funcionamento às expectativas dos estudantes. Uma medida
de gestão cuidada "não no sentido do lucro,
mas na diminuição de prejuízos", assegura
Carlos Madeira.
"Uma vergonha"
Carlos Pinto, autarca da Covilhã, considera que a suspensão
do Comboio Académico é mais uma medida que confirma
a pouca disponibilidade dispensada pela transportadora para suprimir
as carências da região: "Acabar com um comboio
fundamental para levar todo o universo estudantil para o Norte
do País, é não ter noção do
que representa o comboio para o Interior".
O presidente do município acredita que apenas uma profunda
transformação da política de transportes
em Portugal pode evitar que a CP canalize todos os seus recursos
para valorizar o trajecto Lisboa-Porto. Comentando a escassez
de transporte ferroviário no concelho, acrescenta: "É
uma vergonha, para as autoridades nacionais, dizer que não
há comboios a partir da Covilhã, excepto para Lisboa".
Hélder Bonifácio, membro do Grupo de Amigos do
Caminho-de-Ferro da Beira Baixa, vai mais longe, e garante que
houve "algumas patifarias para acabar com o Comboio Académico".
Uma acção premeditada, provocada pelo facto de
"gente da própria CP não ter gostado"
do serviço.
Ricardo Guedes Pereira
NC / Urbi et Orbi |