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António Fidalgo




Um colégio para a Beira Interior

O encerramento anunciado do Instituto de São Fiel dirá pouco ou nada à maior parte dos meus leitores. São muito poucos os que sabem que o nome de São Fiel e o edifício - aquele edifício enorme que quem vem na auto-estrada de Castelo Branco para a Covilhã divisa, pouco antes de chegar à saída da Soalheira, ao longe, à sua esquerda, no sopé sul da Gardunha - é o nome e o edifício do que foi um dos melhores colégios de Portugal, o Colégio de São Fiel. Ali estudaram Egas Moniz (o prémio Nobel de Medicina), Cabral de Moncada (o lente de Direito na Universidade de Coimbra) e João Amaral (o integralista lusitano), entre outros. O colégio, que era dos jesuítas, foi encerrado e expropriado em 1910, na onda anticlerical da primeira república.
Serve esta memória para referir a urgente necessidade de criar um colégio de qualidade na Beira Interior. Ninguém ignora que existe actualmente alguma esquizofrenia do ensino em Portugal: o melhor ensino primário e secundário é privado e o melhor ensino superior é público. De tal modo que a melhor forma de vencer o numerus clausus do ensino superior público é a frequência de bons colégios particulares.
Na Beira Interior tem-se debatido com fartura o ensino superior, universitário e politécnico, público e privado, e muito pouco o ensino secundário. Ora se há algo que faz falta neste momento no Interior é justamente um muito bom colégio.
Há pessoas muito qualificadas que gostariam de vir para o Interior e não vêm por causa da educação dos filhos, porque não querem comprometer o seu futuro. Uma educação de muita qualidade no ensino primário e secundário é a melhor coisa que os pais devem dar aos seus filhos. Vale mais investir aí do que em quaisquer bens materiais. Mas se nos grandes centros urbanos, os pais podem optar por excelentes colégios para educarem os seus filhos, essa possibilidade não existe por enquanto na nossa região.
Um colégio de muita qualidade é muito caro e na região não há o bem estar económico próprio de um centro urbano que permita a frequência de um colégio desse tipo. É verdade em parte. A dimensão demográfica das cidades do Interior, Guarda, Castelo Branco, Covilhã, não é suficiente para ter um tal colégio, mas o Interior no seu todo tem. A ligação das três cidades por auto-estrada permite a criação de uma base populacional mais que suficiente para exigir e para ter um colégio de primeiríssima qualidade. A deslocação diária dos alunos não demoraria mais que o que é habitual num grande centro como Lisboa.
O Fundão, por exemplo, seria um local excelente para a localização desse colégio.

António Fidalgo


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