<Aeródromo da Covilhã
vai ser remodelado>
Voar mais alto
No próximo dia 20 vão
reunir-se todas as entidades interessadas em oferecer um novo
rumo ao aeródromo municipal da Covilhã. Pendente
está a elaboração de um Plano Director que
decidirá o que deve e pode ou não construir-se
nos espaços envolventes
O aeródromo da Covilhã, o
mais antigo do País - em 1946 aterrava ali o primeiro
avião - vai ser modificado num futuro próximo.
Para a remodelação estão em estudo propostas
que apontam, entre outras coisas, para um aumento da pista, construção
de uma torre de controlo, criação de uma escola
fixa de prevenção rodoviária, novos hangares,
construção de um kartódromo e de um hotel.
Há já 9 anos que a empresa Ligações
Aéreas Regionais (LAR) deixou de operar na Covilhã,
acabando com as carreiras diárias e/ou semanais existentes
que ligavam a Covilhã às cidades de Lisboa, Porto,
Coimbra, Vila Real e Braga. Actualmente, e para dinamizar e assegurar
a plena operacionalidade do aeródromo, encontra-se em
elaboração, num estudo chefiado pelo general Lemos
Ferreira, o Plano Director do Aeródromo, que definirá
quais as potencialidades de resposta do espaço conferido
àquele equipamento, e as possibilidades de um melhor aproveitamento.
O Sr. Ferraz, director do aeródromo há mais de
20 anos, afirma que este " está um pouco condicionado
para receber aviões de maior peso, por exemplo, com capacidade
para 70 passageiros, como é o caso de um voo charter,
embora já cá tenha aterrado um avião com
80 homens. A penalização é na descolagem,
por causa do peso. Dispomos de 960 metros de pista e necessitariamos
de 1400."
Interesse não falta
Várias são as entidades que
solicitam uma cooperação do aeródromo para
os mais diversos fins, como é o caso da Universidade da
Beira Interior (UBI), Aeroclube e Associação de
Bombeiros Voluntários da Covilhã, mas também
empresas privadas interessadas em investimentos de âmbito
turístico e, obviamente, a Câmara Municipal da Covilhã,
que pretende, acima de tudo, a dinamização daquele
espaço.
João Morgado, assessor do presidente da Câmara,
questiona a rentabilidade das carreiras aéreas regulares
quando realizadas apenas a nível nacional, contrabalançando
tempo de viagem, custos, condicionamentos meteorológicos,
e defende que é necessário procurar "alternativas
para uma maior dinamização do espaço",
como sejam a "criação de um kartódromo
e de uma escola de prevenção rodoviária".
Algumas empresas, com fins turísticos, têm também
manifestado interesse no equipamento, o que implicaria "a
provisão de infra-estruturas para alojamento perto do
aeródromo, e também de um hangar de maiores dimensões.
UBI quer fazer aviões...
Por outro lado, uma outra empresa norte-americana
estará também interessada na construção
de uma escola de reparação para aviões,
que, de resto, poderá vir a estar ligada ao departamento
de Aeronáutica da Universidade da Beira Interior.
Esta é, de facto, uma das pretensões daquele departamento,
mas não é a única. Entre a Câmara
Municipal da Covilhã e a UBI foi celebrado um protocolo,
a 22 de Dezembro de 1997, estipulando logo na primeira cláusula
que ambas as partes "se comprometem a conjugar esforços
e a potenciar os meios técnicos e humanos de que dispõem,
a fim de assegurarem a plena operacionalidade do Aeródromo
Municipal da Covilhã".
O departamento pretende um espaço onde se possa construir
um hangar que permita não só o abrigo dos aviões,
mas também espaço para laboratórios onde
seja possível um maior contacto com a montagem efectiva
de um avião e a própria actividade de voo, diz
Ivan Camelier, coordenador do Departamento de Aeronáutica.
Este professor acrescenta ainda haver já sido debatida
a possibilidade da utilização do hangar também
acções de formação, seminários
ou aulas.
...e bombeiros pretendem voar
Entre os interessados no relançamento
do aeródromo encontram-se também os Bombeiros Voluntários
da Covilhã, cuja intervenção no processo,
apontada pelo seu comandante, se prende com uma maior capacidade
de resposta aos incêndios florestais que no estio assolam
a região, e cujo combate muito beneficia ao ser apoiado
por meios aéreos.
Para tal, bastaria tão só o aumento da pista até
aos 1400 metros, a fim de que pudessem utilizar-se aviões
com capacidade para transportar 10 mil litros de água.
Actualmente, o Serviço Nacional de Bombeiros (SNB) apenas
pode disponibilizar aviões com capacidade para 4 mil litros.
"Defendemos, também, a criação de instalações
para o posicionamento dos Bombeiros dentro do próprio
aeródromo, a fim de permitir uma intervenção
imediata na pista", afirma o comandante.
Os interesse são conhecidos. Mas a base está no
Plano Director do Aeródromo ainda em fase de elaboração.
Como diz Ivan Camelier, "o arquitecto conhece os propósitos
das entidades da região interessadas na estrutura. Agora
tem que conjugar esforços p'ra botar todo mundo lá
dentro".
Sílvia Ferreira
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