CMC e Somague assinam contrato
Centro Cívico
vai para obras
O centro da cidade da Covilhã
vai ser remodelado. Os trabalhos, que incluem a construção
de um silo-auto na Praça do Município, começam
em Abril e prevê-se que estejam concluídos em Junho
de 2001. Esta decisão surge da necessidade de tornar a
Covilhã mais atraente, não só aos olhos
do concelho como dos turistas. Uma "megaobra" integrada
na intenção da Câmara de renovação
urbana da cidade, mas que tem sido criticada por elementos da
UBI que realizaram o estudo de identificação da
área do Centro Cívico. Nem admira. A maioria das
propostas do grupo foi simplesmente ignorada pela edilidade.
A Câmara Municipal da Covilhã
e a empresa de construção Somague assinaram o contrato
de construção do silo-auto subterrâneo no
Centro Cívico da Covilhã no passado dia 2 de Fevereiro.
Os trabalhos começam em Abril deste ano e prevê-se
que estejam concluídos em Junho de 2001. Uma "megaobra"
integrada na intenção da Câmara de renovação
urbana da cidade e no projecto de Revitalização
do Centro Cívico da Covilhã do programa PROCOM.
A Somague, empresa construtora, financia a totalidade da obra,
o que lhe garante o direito de exploração, durante
um período de 50 anos, dos 470 lugares de estacionamento.
A decisão, no entanto, não é consensual.
Segundo Pedro Guedes, elemento da Comissão Constituinte
da UBI, nomeada pela Direcção Geral do Comércio
e da Concorrência (DGCC) para efectuar o estudo prévio
de identificação da área do Centro Cívico,
"esta obra vai hipotecar o centro da cidade e os seus cidadãos.
É um erro", garante.
Renovar para atrair
João Esgalhado, vereador com o pelouro
da Habitação, Juventude e Animação
Desportiva, defende uma outra opção. "A contratação
de uma empresa privada para realizar a obra é a única
solução. A Câmara não tem verbas para
custear o empreendimento", justifica.
Esta remodelação integra-se na necessidade de aumentar
os atractivos para a população do concelho e para
o turismo. "O sucesso passa pela criação de
um parque de estacionamento de fácil acesso e central",
sublinha o vereador. A obra vai ser feita praticamente com custo
zero, à excepção de alguns arranjos de superfície
que rondam os 100 mil contos, incluindo toda a iluminação
" mais afectiva e intimista", uma escultura a colocar
no centro da praça, a reconstrução do antigo
pelourinho, e algum mobiliário urbano.
Na primeira fase do PROCOM, existe o projecto de melhoramento
das fachadas dos edifícios comerciais da Rua Comendador
Campos Melo (Rua Direita), "dotando a área de uma
coerência estética". A intervenção
está regulamentada pela equipa que fez o estudo prévio,
da responsabilidade da arquitecta Maria José Abrunhosa.
Reforçando a necessidade de reduzir o trânsito e
devolver o espaço aos peões, a Câmara vai
acabar com os estacionamentos, rebaixar e alargar os passeios,
criar esplanadas junto aos cafés e restaurantes, alterar
a iluminação e mobiliário. O projecto está
em fase de conclusão e prevê-se que estas obras
também terminem em meados de 2001.
"Câmara não tem estratégia
de cidade"
O estudo prévio da UBI (ver caixa)
apontava para uma solução diferente, constando
dele a proposta de construção de um túnel
subterrâneo para o tráfego automóvel do centro.
Aparentemente, a proposta da Comissão da UBI colheu aceitação
por parte de alguns proprietários, que também financiariam
a obra, mas a Câmara optou por uma solução
mais rápida. "A opção da Câmara
é não gastar dinheiro. Faz a obra, mas desvirtua
a ideia. Não vai resolver o problema do tráfego,
nem da pedonalização, nem do comércio no
centro", afirma Pedro Guedes.
Na perspectiva técnica e científica do estudo de
urbanismo elaborado pela equipa da Universidade da Beira Interior,
o acordo com a Somague é prejudicial para a Covilhã.
"Assim, está-se a desvitalizar e não a revitalizar",
justifica.
"Problemas técnicos"
diz a Câmara
A Câmara adianta outras razões
para a inviabilidade da proposta da UBI. "A nível
técnico foram levantados alguns problemas. A Rua Rui Faleiro
é demasiado estreita para a saída do túnel",
segundo estudos posteriormente encomendados pela Câmara.
Pedro Guedes reconhece que "os estudos muito bonitos nem
sempre são decisões políticas rentáveis.
Há uma ausência clara de estratégia de cidade
na Covilhã e desta maneira, a prazo, vamos estrangular
o centro".
Na sua opinião, um entrave à concretização
deste estudo terá sido a pouca divulgação.
"Estou convencido que se este projecto fosse apresentado,
o Ministério do Equipamento emprestaria o dinheiro à
Câmara para esta realizar a obra".
João Esgalhado contrapõe: "A própria
Comissão da UBI não vincula o sucesso da intervenção
a essa hipótese". E defende que, sem alternativas,
não será possível mexer na Rua Rui Faleiro.
"Numa fase posterior, quando a Periférica à
Covilhã (PC) estiver concluída, o trânsito
vai ser desviado dessa zona, acabando assim com o congestionamento
do centro".
A obra da PC vem criar alternativas para o trânsito Serra-Fundão
e Serra-Guarda. O orçamento da obra situa-se nos 3 a 4
milhões de contos "ou seja, um investimento que irá
ser feito por fases e exige um forte apoio do Estado".
Raquel Fragata
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